Bad Guy

A passagem a seguir é FECHADA AOS ENVOLVIDOS. Os envolvidos são Sammuel Harvery e Thomas L. Weingarten. Em Kaleo, por volta das 21h. O conteúdo que o texto aborda é LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS.

Flaws

Enquanto treinava na parte externa do palácio, acabei sendo interrompido durante a corrida com um aviso de mais um assassino sendo liberto por falta de provas. Claro que não havia provas se ele matava com os poderes e as testemunhas estavam mortas, mas nada realmente que o entregasse de verdade além disso. Confirmei que estava tudo certo para o criado e enfim terminei os meus exercícios da tarde, com a corrida e algumas abdominais.

Era tudo muito sugestivo, a justiça não era perfeita apesar de uma opinião crítica das coisas e talvez a defesa do criminoso fosse razoavelmente melhor do que os argumentos de ataque. Mesmo com testemunhas não havia nada além de momentos parecidos, mas não da atividade do crime propriamente dito. Bastando para me tirar dos treinos e voltar para o quarto me arrumar, tomando um banho e preparando uma roupa mais sutil.

No caminho começando a chover, o seu escureceu e tudo parecia realmente propício para aquela situação não ser bem fácil. O clima era fresco e passando para trocar de roupas numa estalagem, ficando mais apresentável e com um disfarce melhor da minha pessoa. As roupas de couro escuro, mais justas e protegendo melhor de um impacto do que aquele tecido fino de Calipso. Era realmente engraçado que no palácio era tudo gracioso, tão belo que praticamente pedia para sofrer extremamente durante o mínimo golpe que fosse. Não gostava nem de forçar muito aqueles tecidos trabalhados a mão com tantos detalhes e enfeites.

Já meus trajes de mercenário, conseguia sentir um odor familiar na roupa, não importando muito quantas vezes lavasse o cheiro de sangue seco ficava entranhado e já quase me acostumando como um perfume particular. Arrumando a máscara tampando minha boca com um nó atrás da cabeça, cobrindo a mesma com um capuz e enfim podendo seguir atrás do alvo. Estava quase sem nenhuma pele à mostra, uma espada na cintura e a atenção com as minhas vibrações já afiada com as proximidades.

O aviso explicara sobre o alvo e dera apenas o endereço pela cabeça dele. Não tinha realmente muita prática com tocaia, e desconhecendo os hábitos do alvo me adiantei indo até um dos guardas da taverna perguntando sobre o criminoso. Era um amigo que ele havia marcado comigo ali e perguntava se o haviam visto, um deles já entendeu talvez me reconhecendo pela roupa e entrou pra ver o local procurando pelo indivíduo. Engoli em seco e esperei do lado daquele ainda presente, não demorou muitos minutos para ouvir a briga lá dentro, em seguida a porta abriu e o segurança jogou o cara no meio da rua avisando que não poderia haver problemas ali dentro.

Agradeci ao segurança e me aproximei do assassino com a espada já desembainhada e apontada pra ele. Avisei pra ele não se mexer e se levantar calmamente, ele se virou um pouco como que ajustando o corpo pela forma que caiu para se levantar, mas ouvi o tiro e então como se o ar tivesse sido expulso do meu peito sem o exercício da respiração pra me acalmar. A surpresa fez meu corpo se afastar um passo daquele homem observando o mesmo se virar finalmente com a arma no peito e então notei qual era sua habilidade.

Era meu ombro sem a espada, começava a vazar sem muitos critérios com o inimigo aos meus pés prestes a me atacar de novo. Meu coração como se parasse sentindo as coisas ao redor, assumindo aquele impacto não direcionando para a cura como era de costume, mas para um ataque com a mão vazia com um mínimo de mobilidade. Direcionando a palma para a arma enquanto virada o pulso da arma e desferia cortes contra o peito e pescoço dele. Me permitindo avançar sobre o seu corpo parcialmente intangível procurando pelo ponto fraco do mesmo.

Tive a impressão de ter se passado horas tentando acertar a parte do corpo certa, sua arma perdera a utilidade, mas para fugir de mim precisaria no mínimo se levantar daquela posição e assim o pegaria no limite das suas capacidades. Não consegui ver o ponto real dele, mas ouvi o impacto e então aquele esguicho de sangue começando a subir pela ferida feita. Ele engasgou e saí de seu corpo intangível acompanhando sua morte deixando seu corpo tangível com qualquer outro, mas não esperando para chegarem e me pegarem ali ainda. Dando a volta pelo caminho da rua, me aproveitando de becos e saídas apertadas.

O tiro com certeza foi audível para muitos fora daquela rua e Kaleo não era bem receptiva com tiros durante a noite. Minha espada voltando pra bainha uma vez que precisava pressionar a entrada da arma, não conseguindo sentir as costas procurando a saída. Ou seja, não poderia voltar pra Calipso com uma ferida aberta e a bala ainda dentro de mim. A chuva como uma música tão chata no início que conseguira me acostuma com a mesma, lavando de maneira porca o sangue fresco que escorria do traje enquanto caminhava por outra rua mais aberta entre elas.

Meu peito parecia em chamas pensando em fugir, mas mais preocupado com a ferida e então um cara armado na minha frente. Engoli em seco, retirando a espada de seu repouso e apontando pra ele. Ele não parecia alguém com ficha, pelo menos não com os que eu costumava lidar e naquele momento uma avaliação rápida podia errar com a minha necessidade clara. Levantei a espada pra ele assim que ele me notara com a sua arma pronta, ainda não acreditava que faria isso, me revoltaria mais tarde repensando nisso: - Preciso de ajuda. Tem algum lugar?

Flaws

Cada segundo sem a resposta do outro parecia que toda minha mente parecia focada em fugir dali passando por cima dele se necessário. Não tinha como eu conseguir detectar presenças na chuva e com uma ferida, não quero exagerar ainda mais com a incerteza do que acabaria percebendo. Me mantendo em movimento e talvez escondido seria melhor do que contar com as vibrações mais próximas. O desconhecido poderia ser um inimigo, teria uma luta se quisesse passar por ali de verdade, talvez fossemos dois problemas se encontrando e os guardas pudessem nos encontrar juntos.  

Já conseguia ouvir alguma lição de moral de meu pai, um longo discurso dos meus erros e um pouco mais longe enumerando minhas falhas naquela noite. Encarando o outro armado tinha de reconhecer a longa distância daquele lugar estando ferido até o momento que conseguiria voltar para o palácio. Podia até considerar ouvir a ele se pudesse sair dali, mas agradecia mentalmente por meu pai não ter tanto poder assim para me vigiar. Parecia ter sido muito tempo até que o outro guardou a arma e aquelas encaradas pareciam levar para algum lugar de verdade.

Ficando desarmado aparentemente e oferecendo um esconderijo, mesmo que não tivesse visto minha ferida, já era alguma coisa estar longe de olhos curiosos pela origem do tiro. Minha surpresa e dúvida sobre a oferta dele era puramente pelo telhado. Todos têm poderes, mesmo inúteis, ou bobos, e não olhar o teto assim parecia muito arriscado ainda mais com chuva. Contudo, a fala dele me fez realmente ver a opção que tinha e não era uma competição boa na verdade. Cedi e comecei a subir com calma pelo tiro no peito, não podia subir muito rápido como ele, mas não exagerado aparentando ter desistido.

Não sei se era a chuva, ou a escuridão, mas ele não parecia ter notado minha ferida, pretendia não deixar transparecer. Pelo menos não nesse estado de “desconhecidos” se safando da rua. Alguns minutos dele esperando quando enfim consegui acabar de subir e me afastei da beirada como um porto seguro da visão embaixo. Ele poderia até estar certo, porém não o conhecia para dizer que confiava totalmente nesse plano “eles nunca olham para cima”. Olhando um pouco aquele ambiente, poderia ser bem útil de dia para ir ali e passar entre as ruas sem tanto tráfego de pessoas em becos.  

Minha curiosidade deve de ficar para mais tarde quando ouvi o coldre novamente, logo as palavras dele vieram e me virei para encarar a ameaça de frente. Realmente não dava para confiar em ninguém ali. Que bom, melhor cautela do que fé em excesso. Respirei fundo: - Calma, vou tirar. - Levantando as mãos não muito lento, mas o suficiente para ele acompanhar até chegar no meu pescoço. Com a direita usei a telecinese para puxar a arma, enquanto que com a esquerda criava um escudo que não ricocheteasse nele. A chuva de fundo, a troca de armas foi rápido e a segurando pelo cano abaixei minha mão com ela, olhando-o nos olhos apesar do capuz tampando.  

Destravei a arma, desmontei aquela parte de cima e deixei a munição no chão. Minha respiração voltou a ficar barulhenta sem aquele nervosismo me deixando surdo de algumas coisas ao redor. Soltei as partes da arma desmontada no chão e voltando a retirar o capuz já avisando: - Não gosto de ameaças, esteja avisado. - Puxei para trás o capuz e abaixei a máscara para dentro do casaco. Engoli em seco não acreditando que precisava fazer isso porque eu dei mole. Suspirei um pouco e o olhei para responder: - Sou Thomas Weingarten, de onde acho que sabe.  

Revirei os olhos, as perguntas idiotas deveriam ficar para depois. “O que um príncipe faz ali? Ele foi sequestrado?” Não importava nada disso por enquanto e meu peito como um lembrete muito forte, precisava de primeiros socorros. Retornei o capuz para a cabeça e a máscara pela chuva e discrição fora daquele espaço tendo apenas nós dois. Voltando a olhar pra ele: - Tem um lugar mais seco? De preferência com primeiros socorros?