O dia estava ensolarado, sendo um daqueles dias especiais onde a única vontade minha era a de ficar deitado o dia inteiro dentro de uma banheira, bebendo vinho e lendo um bom livro. Mas, claro eu tinha tarefas para fazer, de forma que eu precisava acordar cedo e ir à luta. Ser capitã da guarda civil era algo difícil; eram muitos homens descerebrados que eu precisava pôr na linha, muito macho burro e pouca inteligência na hora dos guardas civis conseguirem fazer o seu trabalho.

Naquela manhã, por exemplo, lá estava eu fazendo as minhas obrigações quando sou interrompida por um dos guardas que, aflito, parecia ter acabado de ver um fantasma. Ele era novato, portanto ainda se dirigia a mim várias vezes durante ao dia para aprender coisas novas, tirar dúvidas ou simplesmente me encher o saco. Como era o caso, agora.

— Olha, Srta. Renard, houve uma explosão, precisa mandar guardas urgentes! — exasperado, o loiro cujos olhos possuíam uma coloração rosa-escuro, me fita esperando por uma resposta.

— Certo, Morpheu vai com vocês e com mais três rapazes. Vá com eles, proteja-os com seus portais.

Parecendo confuso, Justin coça a nuca parecendo um pouco perdido com o que eu havia acabado de falar.

— Mas o Sr. Renard é tenente, ele não precisa ir... ou precisa?

Rolando os olhos, contive minha vontade de estapeá-lo e então suspirei, pegando um copo de água da comprida mesa em minha sala, bebendo-a. Assim que bebi tudo, pus o copo na mesa e voltei-me para Justi, lambendo os lábios e fingindo meu melhor sorriso.

— Claro que precisa, ele é hidrocinético, jumento de dois pés. Agora vá! — apontei para a porta, pela qual Justin correu apressado. Como ele havia ficado quase um minuto parado, só me olhando beber água? Até o fim do mês aquele menino ou morreria ou seria chutado para fora da guarda civil.

Terminei de ver a planta de Kaleo, marcando com uma caneta os locais onde eu colocaria patrulhas, assim como em alguns pontos-chave em El Diablo. Não poderia me esquecer dos favelados, claro, eles precisavam de ajuda. Assim que terminei, decidi trocar as roupas formais do uniforme e ir dar um passeio na estufa localizada no centro de Calipso. Um pouco de ar puro cairia bem.




Bem, quem diria que eu odiava flores? Lembro-me quando ganhei um buquê de Morpheu no meu aniversário, elas tinham um cheiro enjoativo e eu espirrei interminavelmente, e então bati nele com elas e, no ano seguinte, acabei sendo presenteada com uma espada. Bem melhor. Dei alguns espirros e, sentando-me num banco um pouco afastado da enorme construção, criei uma espada e cortei um única flor próxima de mim, já estressada.

Foi então que uma presença atraiu a minha atenção. Era Terpsícore Forchheim, um rapaz da prodigiosa família de investigadores. Fiz um aceno de dedos, lançando uma piscadela e, com a mão livre, bati no banco. Eu o conhecia há alguns anos, e nós éramos bons amigos, apesar de nunca termos tido tanto intimidade ao ponto de falarmos sobre segredos nossos ou trançar os nossos cabelos.

— E aí? O que faz de bom por aqui? Caçando algum macho, coisa linda? — comentei enquanto cruzava as pernas, apoiando as mãos no banco e dando um sorrisinho malicioso.