Havard. Este sendo o sobrenome atribuído àqueles que fazem jus uma das famílias mais respeitadas e temidas de todo o Império Weingarten. Por gerações, sendo responsáveis pela parte diplomática, a política. Jamais fraquejaram contra imprevistos ou até mesmo inimigos em potencial, ainda que muitos. Uma linhagem repleta de diversidade, visto que seus membros, dos mais antigos, aos mais novos, desenvolveram individualidades únicas e dessemelhantes — tornando-os gigantescos em questão de poder.

Ao contrário do seu antecessor, vulgo, seu pai, a líder da família agora era uma mulher; Diana. Não muito diferente dele, ela sempre procurou agir conforme as diretrizes impostas pelo Imperador, a quem seguia fielmente e jamais ousaria em discordar, entregando uma lealdade inabalável. Claramente, em certos cenários, a Fada Negra era obrigada ir contra as decisões de seu soberano, o que fazia ele crer que ela não era apenas uma bajuladora, e sim alguém que se importava com toda a população.

Há muitos anos, antes mesmo de Diana nascer, seus pais se envolveram em um grande e confuso dilema, no qual destruíram uma família que seria sucessora ao cargo. Boatos circularam, frases distorcidas e nada genuínas percorriam pelos ouvidos de todos os nobres, todavia, nenhum deles ousaram questionar o Alto-Ministro, e o assunto foi empurrado para debaixo do tapete. Anos depois, prestes a perder a figura materna, Diana soube a verdade — sendo obrigada a jurar que de maneira alguma revelaria aos demais. E assim aconteceu.


Uma forte ventania adentrou ao escritório da Alta-Ministra enquanto a mesma se ocupava com suas tarefas. Para qualquer outra pessoa, era apenas vento; mas, para ela, não. O clima, que estava agradável, tornou-se gélido. O ar ficou mais denso, e aos poucos, a sala fora escurecendo, até ficar um completo breu. À sua frente, uma figura deveras nostálgica, seu progenitor. Imediatamente ela o encarou, espantada.

— Entendo sua reação. Afinal, você não me invocou, e mesmo assim eu estou aqui. — Ele se movia de um lado para o outro, inquieto, com seu semblante de preocupação, da mesma forma de quando habitava o plano dos vivos. — Mesmo que você não tenha o desejo de me ver, ou requisitar a minha presença, eu posso ir e vir o quanto quiser, sendo você a minha ponte para isso. Lembre-se que seu amado pai, enquanto vivo, também podia viajar entre o véu.

— Confesso que não esperava vê-lo novamente, pai. Não depois de eu ter arrancado seu coração com suas próprias mãos... — Diana cruzou os braços, ainda sentada, o encarando. — Suponho que não esteja aqui para uma simples vingança pessoal, né? Do contrário, meu avô, deveria vingar-se de você... Pois é de família nos matarmos — o questionou, imóvel.

— Não tenho tempo para cerimônias, nem mesmo provocações suas, criança. Minha estadia aqui será breve, e o que eu tenho para falar, impactante. — Assim que terminou sua frase, ele parou de caminhar, e em um piscar, surgiu por detrás da herdeira. — Eclipsa. Ela está viva, e o pior disso tudo, é que ela sabe sobre você. Mesmo não tendo intenções de tomar o lugar por direito, certamente deseja alguma vingança mesquinha, e o jeito mais fácil de realizá-la é tirando sua vida. — O espírito parecia preocupado, deixando de lado todas as desavenças que tivera com a Havard um dia.

Diferente de que seu pai imaginava, Diana já estava preparada para tal momento, sabendo por informantes que Eclipsa, a mulher perigosa, habitava Weingarten.

— Desde meu primeiro suspiro, até o seu último, sempre irá me subestimar? — Ainda de costas para o antigo Alto-Ministro, ela entoou uma única nota, fazendo com que a imagem dele virasse pó, banindo-o dali.

De um lado, ela apenas desejava ignorar toda aquela situação presenciada ali, indo contra o próprio pai. De outro lado, sabia que se a situação entre ela e Eclipsa permanecesse pariforme, cedo ou tarde, algo de muito ruim aconteceria. Por estar velha, quase que sentindo sua própria morte, Diana não se importava consigo; mas sim com suas crias, especialmente Aysha, a sucessora. ''Mesmo morto, essa desgraça consegue tirar minha paz''.

— Maryl, avise aos membros da Mão que não poderei ir à reunião de hoje, pois tenho assuntos urgentes a tratar. Diga-os também, que se realizarem qualquer cagada sem mim, pagarão caro — falou em baixo e suave tom para a secretária, no final da frase não estando mais ali, e sim em alta velocidade no voo, partindo para Europa.

Depois eu mudo▲