No horizonte, um amontoado de guardas ao redor de um homem, e um rapaz visivelmente ferido. De sua boca escorria sangue devido um corte em seu lábio, e seu rosto/pescoço pareciam rubros devido alguma pressão que havia sido feita ali. Öcean, o menor mencionado, estava sob os braços de Morpheu Renard, que repetia algo como "O que você achou que estava fazendo? Como fez aquilo?", dentre muitas indagações mais. O moreno parecia ofegante, cansado de relutar, mas persistia.

À esquerda era possível notar um homem em específico sendo amparado, com alguns últimos vestígios de chamas sendo apagadas de seu corpo; um maço de fumo estava bem próximo dele, largado de lado, junto a um composto de aço reluzente (com traços de carburação ao seu redor). Em um âmbito mor, o indivíduo - um guarda - tinha sua mão destra e face queimadas.

Mais adiante, um semblante crucial surtia: e Öcean logo mais saberia quem ela era.

— Não vai falar? — Morpheu vociferou novamente, empurrando o peito do moreno contra a superfície do chão: — Vocês, quero que identifiquem-o. Quero saber de onde ele é e quem ele é, agora!

O antenome Forchheim pareceu descer pela garganta do homem como algo de gosto amargo; a postura arrogante cedeu e as mãos que agarravam o corpo de Öcean L’zyslaw Forchheim o soltaram como se pousassem sobre uma escultura de ouro de Midas, engolindo a seco. O moreno o fitou, soltou o ar que preenchia seus pulmões de forma dolorida, mas não esboçada.

Quando o menor se ergueu, apesar dos hematomas e ferimentos, seu semblante soava irreverente - ainda mais com o sorriso ácido que brotou do canto de seus lábios. Öcean suspirou e se aproximou da mulher que, por alguma razão, ele tinha certeza que já havia visto alguma vez em algum passado recente. Ela era alta, esbelta e estóica. O rapaz subiu atrás dela, olhando-a tão somente de relance.

— Acho que nós já nos vimos em algum momento... — comentou, arrastando as costas da mão no queixo, limpando o sangue fresco: — Do contrário não teria como saber quem sou, ou teria?

Öcean não era exatamente o componente mais conhecido dos Forchheim, e nem deveria ser pelas intenções de Arkadius e seus progenitores. Ele, então, se questionava se ela realmente sabia com quem estava falando, ou o confundindo com Terpsícore, talvez. Antes de irem não-se-sabe-para-onde, ele retirou sua veste superior ensanguentada para por sob o ombro, e averiguar se tinha mais algum corte que não tinha percebido até então. Nada.

Öcean já começava a achar usual ter seu comportamento associado aos demais de Forchheim, por mais que eles não possuíssem quaisquer similaridade tanto de caráter, quanto de tomadas de decisão; a fala daquela mulher o fez esboçar um riso, ainda que abafado, não que fosse sua intenção faltar-lhe com respeito ou o que quer que fosse. Limpando o excesso de sangue que passara para sua mão, ele pairou ambos os orbes cálidos sobre ela antes de responder:

— Não fui criado em Calipso, então tenho minhas dúvidas. Provavelmente te vi com outro alguém, mas isso não vem ao caso — sibilou, atenuando no término de sua fala. Tendo em vista as possibilidades que ela dispunha à ele, o moreno suspirou antes de prosseguir: — Podemos ir ao quartel, não quero Arkadius ou minha mãe me enchendo sobre o que aconteceu... Até por que não está tão ruim assim.

O rapaz estava cansado, com dores, mas não admitiria.

Öcean percebeu o desconforto da mulher, mas preferiu não estender muito o assunto sobre quando, onde ou com quem ele teria a visto. Depois de tantas porradas na cabeça, a última coisa que ele queria era fazer qualquer esforço, muito menos ainda no propósito de provocá-la ou algo do gênero, seria não só ridículo mediante sua maturidade, mas também inútil.

— Não que isso pareça ser muito difícil pra você, — disse com relação à afirmação dela quanto aos seus próprios dotes de amparo, já que se olhasse bem para ela, seria bastante difícil encará-la como alguém que não fosse boa em tudo o que fazia (e deve ser por isso que aqueles homens agiram daquela forma, a maioria detesta mulheres e suas qualidades, ainda mais as que possuem alguma autoridade): — Estou ansioso para ver Le Ange pela primeira vez, espero que seja uma experiência melhor do que em Kaleo — ironizou.