A flame begins to burn

A passagem a seguir é FECHADA AOS ENVOLVIDOS. Os envolvidos são Valentin Lancaster e Blake Wicker. Em Centro de Treinamento Físico, por volta das 9h. O conteúdo que o texto aborda é SOMENTE PARA MAIORES.

Estava confuso com muita sede ao pote talvez, querendo as coisas de forma muito imediata não querendo esperar muito para conseguir obter meus objetivos. Mas já se faziam meses desde o teste, mais algumas semanas desde o primeiro chamado para então realmente estar dentro da tropa. Minha mãe não se metendo no que eu queria fazer e fazendo escondido do meu irmão, só avisando quando realmente saí de casa. Me arrependia de não poder conversar com ele sobre isso, ainda incomodava-me esconder aquilo que ouvia e procurar revelar aquela besteira sozinho sem que nenhum deles soubesse.  

Reconhecia que nenhum deles me deixaria entrar na tropa, aquela manhã me fazia lembrar de cada momento importante para aquele dia. Meu banho me fazendo questionar tudo que eu queria, tendo na primeira manhã oficialmente na tropa praticamente todas os pensamentos querendo me deixar pra baixo. Terminando o banho e socando a parede tentando afastar meu irmão brigando, minha mãe chorando, os colegas de trabalho do meu pai, algum outro idiota que reprovou a entrar na tropa. Eu estava ali, conquistei meu lugar e tinha que fazer valer pra não ser expulso, se meu pai conseguiu, eu tinha as mesmas chamas então tinha as mesmas chances.  

Encarei o meu reflexo, respirando forte tentando me acalmar e me concentrar que havia conseguido porque eu mereci. Irei fazer valer meu nome dentro da tropa fosse o que for. Demorei um pouco olhando nos meus olhos, sequei meus olhos um pouco sem percebendo que eram lágrimas e não água do banho. Terminei de me arrumar e segui as indicações que recebi na noite anterior para o centro de treinamento físico. Eles não deveriam cobrar algo assim pra entrar na tropa inicialmente, então talvez minhas chamas não seriam tão úteis nesse início do treinamento. Imaginando que quem tentasse entrar já não tivesse habilidades físicas com lutas e eles ofereciam isso logo que entrássemos no exército.

Roupas padronizadas mais frouxas sem ficarem largas como se fossem de números maiores e nem justas, eram frescas até certo tamanho, meio que englobando certos tamanhos pra poupar roupas. As calças não ficaram caindo, e a camisa de manga curta quase parecia um pijama por estar tão confortável e encontrando alguém já esperando com certa pressa devo dizer. Era algum cara que eu devo ter visto em algum dos testes, mas não me recordava com certeza, ele avisou que o meu treinador logo viria e que era pra esperar ali.

Sabe alguma história sobre encruzilhadas? Pois é, tinha quatro portas nas laterais, provavelmente de alojamentos separados e dois caminhos abertos me deixando levemente preocupado em ser pego de surpresa com algum ataque. Um homem gato, não de beleza, realmente um gato tipo miau miau mesmo. Demorei a reconhecer o que vi, com o que estava acontecendo comigo tendo aquele ser se aproximando e enfim ele falando. Devo admitir que se tivesse outra pessoa ali iria gritar com os braços pra cima “GENTE, ELE FALA”. Me aguentei ao máximo para não esboçar reações dos meus pensamentos e nem lembrar de outras coisas que pudessem influenciar o treino.

Cumprimentei com a mão correspondendo a ele e o respondendo: - Prazer, me chamo Blake Wicker. - Ele soltou minha mão e ficou caminhando envolta de mim, me olhando e me deixando em dúvida com aqueles olhos felinos não me permitindo ver reações de verdade como em um humano. Não queria ser preconceituoso, mas não estava acostumado e assimilar reações dele era difícil pra não pensar errado uma movimentação do seu rosto com pelo. A resposta dele não me deixando responder verbalmente com algo atingindo minhas costas, me fazendo levantar minha mão criando chamas um pouco, mas apagando em minha mão e voando no ar.  

Girei meu corpo para o olhar como que verificando se ainda precisava responder ainda sentindo um incomodo na nuca passando a mão esquerda tendo certeza que não havia nada ali ainda. Ele se afastara de mim e apontava para uma mesa com diversas facas, entendi o que ele queria e segui até ela. Peguei uma faca e tentei jogar pra cima, como que tentando fazer pose pro treinador, mas não sabia pegar. Só lembrando da segunda parte em cima da hora, me abaixando tentando pegar a faca entornando meus braços com as minhas pernas flexionadas e a faca quase me beijando com a proximidade da ponta. Peguei a faca direito e a coloquei na mesa, fingindo que não perdi a dignidade nesse último instante e pegando duas facas, uma para cada mão.

Ele seria ágil para atacar e defender provavelmente, e atirar não surtiria efeito de verdade para o treino. Ele era meu treinador, conseguir algo assim não seria fácil de fato. Engoli em seco dando de ombros e o respondi: - Eu não entrei pra tropa pra ser lindo. -  Em seguida o desafio foi lançado me provocando a atacá-lo, minha garganta parecia seca, mas me contive não cedendo ao nervosismo de encarar um superior em combate. Avançando contra ele me aproximando do mesmo até pegar uma distância razoável e soprar uma chama azul rápida no ar. Não deixando cair no chão, podendo me abaixar e tentar uma rasteira nas pernas felinas. Ele não tinha dito regras, era uma abertura, só podia ser, tinha que ser. Não conseguiria surpreender um gato com facas única e exclusivamente negando qualquer habilidade física que poderia ter e me auxiliar em combate contra ele.

Não tenho a mínima ideia de como um gato era de verdade, diziam que caiam de pé, sete vidas, então no mínimo velocidade e agilidade, além de precisão e aquelas garras. Ele realmente tinha garras e não eram difíceis de ver, ou de esquecer. Com a ausência de regras, eu sequer tinha ideia do que fazer contra ele, tentando um ataque que eu achei bom, muito bom até que eu cai de bunda com as pernas pra cima. Se eu disser que entendi como aconteceu seria mentira, apenas senti o tombo e meu corpo balançando depois do impacto. Ele não parecia perigoso inicialmente, tinha ele como um treinador experiente, ou não mandariam ele pra mim.

Uma luta logo de cara já imaginava uma derrota, sem me menosprezar, mas sendo sincero de verdade com as possibilidades que eu tinha ao encarar um treinador. Engolindo em seco virando meu corpo para um lado me erguendo novamente do chão encarando o outro tentando ser rápido, o máximo que eu conseguia focando em me defender já que atacar com o corpo não era bem o meu forte. O corpo dele mudou, não sei explicar como, os pelos de preto para amarelos, com manchas escuras e unhas maiores. Pra que? Não sabia e eu preferi nunca perguntar. Me afastava mais dois passos quando percebi o sorriso dele e então “estou faminto”.

Meu primeiro impulso foi correr, mas o físico atual e habilidades melhores que aquela forma tinha não me pareciam favorecer uma disputa de corrida. Precisa lidar com ela com o que tinha, então joguei as adagas contra meu treinador. Neguei com a cabeça não querendo realmente me dar mal e pedindo: - Não faz isso, se afaste. - Puxei o ar e sem o controle de antes liberei as chamas conforme abria os braços. Iniciando como uma mangueira jogando o fogo azul que não apaga para frente e então movendo as chamas me prendendo em um casulo onde eu não atirei inicialmente como atrás de mim e por cima.

Meu coração parecia querer subir pela boca e abandonar meu corpo, minhas mãos tremiam com aquela dúvida no ar, se conseguiria me proteger daquela coisa. Não sabia os limites das suas capacidades, pouco conhecia até mesmo das minhas no momento, mas engoli a vontade de vomitar, não ia me deixar morrer assim em um treino. Mesmo um treino estranho e doido daqueles. Respirei fundo e abri os braços liberando as chamas completamente sem focar em uma parte específica. Desconhecia o raio de fogo antes com apenas as mãos, mas com uma liberação completa deveria diminuir pontos fracos comigo envolto das chamas.

Não entendi o que via e considerava algum efeito estranho na realidade pela visão através das chamas como se tons fizessem aquilo parecer menos estranhos. Os pelos diminuíram, os ossos da coluna não ficando tão proeminentes e voltando a ser um humano, ou quase. Ficando deitado no chão ainda com feridas abertas das chamas e com a clara “derrota” daquele ser felino que me assustado, reabsorvendo as chamas com uma jaula mantendo tudo aquilo. Sem realmente um orifício, as chamas como se me queimasse, se aproximando da pele e aos poucos sumindo até que não existisse nada mais além do círculo de fogo no chão.

Se levantando dali e me pedindo água, TENTANDO se explicar. Arregalei os olhos como se dissesse que ele estava mais do que errado em me treinar daquele jeito, ainda mais desconhecendo o que eu podia fazer. Não pode chegar num primeiro treino numa versão grosseira e depois partir pro modo assassino com fome, poderia não ter queimado só ele como qualquer um que passasse ali por perto desavisado. Tinha receios de imaginar ele como membro da tropa, parecendo um risco ao grupo podendo a qualquer hora ficar numa forma peluda com garras e com fome.

Confirmando com a cabeça indo direto para o refeitório sem olhar pra trás, estava atento a ele, desacreditando que a versão humana fosse durar, prestes a incendiar tudo novamente sem os limites das mãos. Me permiti atrasar com a água, tomando dois copos antes de preencher o terceiro para o maluco treinador. Receoso de não estar realmente a altura da tropa com todos os monstros além das muralhas se eu não aguentava uma transformação daquelas. Com certeza aquilo era um teste como que verificando minha reação e preparo para me proteger independente de quem me atacasse.

Voltando para o centro de treinamento ainda não normalizado com aquela visão, sempre reafirmando que não deixaria aquilo me ferir e queimaria antes mesmo de me arranhar. Respirando fundo a cada passo, tranquilizando meus receios e preconceitos com o treinador, podia ser apenas um teste dele pra saber como eu era. Dificilmente me colocaria com armas logo de cara contra ele, saber minha agilidade em responder com os poderes poderia ser bom, ainda mais suprindo possíveis fraquezas de ataques de curta distância.

Estendo o copo pra ele e esperando o rumo daquilo, não sabendo se ele tentaria uma versão menos assassina, encerraria o treino, viria outro novato. Muitas possibilidades para alguém perdido e confuso pensar no caminho certo depois do susto.