O cavalo branco se movia com um trotar suave enquanto ele praticamente voava por El Diablo e eu cruzava os portões de Vlitra. O local era como um verdadeiro santuário, sendo bastante relaxante sentir o vento fresco arrepiar meus fios negros enquanto chegava na zona mais limpa de Weingarten, onde quase não havia eletricidade e a população vivia numa quietude invejável. Passeando pelos campos, decidi que iria para um lago onde costumava nadar no mesmo com meu pai quando pequeno. Faziam-se dias que eu não ia ali, tendo ido lá poucos dias atrás, quando acabei conhecendo um necromante fazendeiro que me revelara o espírito de meu pai. Foi um dia um pouco tenso e cheio de surpresas, nem todas boas.

Deixei o cavalo que eu havia pego em Le Ange amarrado a uma árvore, que comia avidamente as gramas em volta do lago adornado por pedras lisas e negras, enquanto eu aproveitava o céu azul e o tempo sem nuvens para poder dar um bom mergulho. Precisava de um tempo, pois minha cabeça estava cheia demais e eu não sabia se conseguiria suportar todas aquelas dúvidas rondando a minha mente. Meu pai havia me traído, largado meu irmão para a morte certa e abandonando-o, deixando-me sem memórias sobre o fato e me ludibriando como se eu fosse um mero fantoche. Era impossível não sentir raiva e ódio do que ele fizera e eu talvez nunca me recuperasse disso.

Após o banho nem tão relaxante assim, me enxuguei e troquei de roupas, montando no cavalo manso e adorável e prosseguindo para as fazendas, onde eu havia ouvido boatos sobre a venda de frutas deliciosas. No caminho, eis que encontro um jovem trabalhando num campo, na frente da fazenda havia uma espécie de tenda com frutas sendo vendidas.

— Hei, olá! — chamei pelo rapaz, achando um pouco estranho o seu modo de agir e o fato dele conversar com plantas.