[RP FECHADA] Hora do chá

por **Diana Souteyrand** Dom Abr 21, 2019 3:20 am

Hora do Chá

A passagem a seguir é FECHADA. Os envolvidos são Diana e Orion. Em Base de Le Ange, por volta das 13:30. O conteúdo que o texto aborda é somente para maiores.

por **Albedo Souteyrand** Dom Abr 21, 2019 4:37 am

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

Assim que passou pelas portas da entrada do palácio, Orion levantou um braço e acenou para conseguir atenção. Alguns servos que cuidavam da limpeza foram os primeiros a se aproximar dele, depois as responsáveis por sua agenda e cuidados. Sem olhar qualquer um deles em seus olhos, mas ainda mantendo a postura de um membro da realeza, anunciou:

— Desejo ir até a base militar.

Embora isso não se tratasse de uma ordem, todos sabiam que poderiam perder suas cabeças caso deixassem algo acontecer ao filho do Imperador. Por isso uma carruagem foi preparada às pressas, evitando assim que o jovem deixasse o distrito real desacompanhado. Até havia um esquema preparado pelos servos onde um é deixado no quarto do príncipe, encoberto pelos lençóis e pedindo para não ser incomodado por qualquer um. Os anos cuidando dele fizeram com que os empregados do palácio crescessem em esperteza.

●●●

Durante sua viagem a caminho da base militar de Le Ange, Orion relia o pergaminho que havia recebido no dia anterior. O conteúdo era recheado de formalidades esperadas em uma carta enviada para membro da realeza, e ainda possuía um toque maior de expressões e palavras complicadas, pois a remetente era da nobreza, a Alta-Ministra do Império.

A carta informava sobre a segurança em cada distrito, assim como a economia, assim montando um ranking sobre quais se encontravam melhores para um passeio e quais precisavam da atenção da realeza. Um típico conteúdo esperado que seja recebido por um príncipe. Mas por que alguém de cargo tão alto passaria seu precioso tempo escrevendo algo do gênero para um dos príncipes mais novos?

“Essa técnica é muito antiquada, minha tia querida”, pensou enquanto rabiscava no pergaminho com um grafite. Com nenhum cuidado, Orion circulou cada palavra que possuía uma letra a mais ou a menos. Quando uniu todas as letras e as leu, conseguiu formar quatro palavras:

CHÁ EM LE ANGE

Havia quase três meses que as duas figuras não se encontravam. O jovem príncipe podia sentir algo similar a saudade em relação a líder da família Havard. Se aquele encontro não tivesse sido planejado, Orion teria ido ao encontro da mais velha por conta própria no momento que tirassem os olhos dele.

Do lado de fora da carruagem, o Sol da tarde castigava os não nobres que precisavam trabalhar nas áreas encobertas do distrito real. Um dia excelente para tomar chá e conversar sobre os últimos feitos nesses meses. Orion quase não conseguia se conter dentro do veículo. Seu cabelo mudava para forma de cobra e voltava a ser cabelo o tempo todo, deixando clara a sua ansiedade.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Dom Abr 21, 2019 11:52 pm

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

Em seu escritório, resolvendo coisas que deixou para o último instante, tudo a pedido do Imperador, Diana pressentia de que estava se esquecendo de alguma coisa — ou de alguém —, apenas não se lembrava do que exatamente. Aproveitou para puxar a ficha de cada membro do exército, começando pela tropa expedicionária. Analisando um por um, cautelosamente. Dentre os que receberam mais atenção da Alta-Ministra, estava Éliphas, o capitão; Köhte, o tenente; Valentin, apenas um peão, juntamente das irmãs problemáticas von Reinherz.

— Interessante — comentou para si mesma, examinando as cinco fichas postas a mesa lado a lado.

Diana diariamente recebia relatórios da base de Le Ange, sobre exatamente tudo que se passava por lá. Novos recrutamentos, baixas, promoções, rebaixamentos, missões concluídas e até mesmo a má conduta de soldados. Em certos assuntos, a sua intervenção era necessária, para que assim, a ordem continuasse e o rio fluísse de acordo com os desejos do Imperador.

— Com licença, Alta-Ministra, mas e o seu compromisso com o príncipe Orion? Já está quase na hora. — Katrina, sua secretária a lembrou do que havia esquecido, o encontro.

''Acho que a idade já está pesando...'' sorriu ao mentalizar tais palavras.

[...]

Ao chegar na base de Le Ange, Diane fora recebida por alguns soldados e escoltada até o lado de dentro. Conforme caminhava, arrastando seu longo vestido negro pelo chão, atraía olhares de todos, e ouvia cochichos do tipo ''o que a Alta-Ministra faz aqui?'', ''se ela está aqui, alguém será enforcado'' e mais outras coisas que não pôde decifrar. Lamentavelmente, o capitão não se encontrava no momento, muito menos o tenente.

— Eu quero uma mesa em algum local reservado, de preferência a sala do capitão, com chá, biscoito, doces e alguns salgados — ordenou a um dos soldados.

Não demorou muito para que o pedido fosse providenciado, surgindo um lacaio aleatório e pedindo para que ela o acompanhasse. De fato, como requisitado, a levou para sala do capitão. A mesa, repleta de alimentos e bebidas, tudo de acordo. O mais cômico da situação, era que ele evitava manter contato visual.

— Excelente. Agora eu desejo permanecer sozinha, até meu convidado chegar. Não irei tolerar interrupções. — Sentou-se à mesa, restando apenas mais uma cadeira na outra ponta.

por **Albedo Souteyrand** Ter Abr 23, 2019 2:13 pm

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

Quando a carruagem imperial se aproximou dos portões da base militar, os guardas não tardaram em permitir a passagem. Não foi preciso sequer diminuir a velocidade com que os cavalos andavam. Embora isso não tivesse diminuído a raiva do príncipe por ter que esperar tanto tempo para ir de um ponto a outro no império. Como membro da dinastia Weingarten, acreditava que até mesmo o caminhar era desnecessário. As terras deveriam ir de encontro à sua família conforme desejassem.

As portas do transporte imperial foram abertas pelo lado de fora, um segundo após a parada do mesmo.

— Vossa Excelência o aguarda no escritório do capitão da Tropa Expedicionária, Vossa Alteza Imperial — proclamou um subalterno que o príncipe sequer fez questão de criar memória dele ao olhá-lo.

Embora sua pele fosse clara como a neve, Orion apreciava a luz de um dia ensolarado. Para ele, isso era muito bom devido a sua fisiologia similar a de serpentes. Foi por isso que ele dispensou a sombra que uma de suas servas estava prestes a erguer sobre sua cabeça. Uma das mechas de seu cabelo se transformou em uma cobra e sibilou agressivamente na direção da tola que agia antes de ser ordenada, fazendo assim com que ela caísse para trás, assustada.

O jovem prosseguiu acompanhado de soldados e um servo a caminho da sala em que sua tia aguardava.

●●●

“Como será a reação daquela velha quando notar minhas jóias e detalhes da roupa são feitos de ferro?”, divertia-se a alteza antes de ter uma grande porta de madeira aberta. Ele sabia que a individualidade daquela mulher não a permitia tocar em ferro sem se ferir. Portanto, ele se precaveu ao se cobrir o máximo possível por esse metal. Devido ao histórico dos dois, não era seguro para o jovem ir sem defesa alguma, apesar deles se considerarem muito próximos para tentarem atentar contra a vida um do outro.

— Saíam. — Monossilábico, Orion foi bem claro que os não convidados deveriam se afastar daquela sala. Nem fez questão de deixar que os servos fechassem a porta, pois ele mesmo a fechou com várias cobras que libertou de sua cabeça. Eram todas tão compridas quanto três homens adultos e três delas ficaram de guarda do lado de fora, servindo também como olhos para o príncipe.

Apesar de sua preferência por carne fresca, o segundo príncipe possuía uma paixão secreta por doces. Seu cabelo se tornava incontrolável durante a presença de tantos alimentos repletos de açúcar, e a mesa do capitão se encontrava um banquete digno de enfartar uma dúzia de diabéticos.

— O que você quer com isso, tia? — Orion questionava a mais velha sentada do outro lado da mesa, enquanto pegava vários doces com as cobras de seu cabelo para segurá-los e com suas mãos pegava uma xícara de chá. — Não é do seu feitio me agradar tanto assim — disse enquanto levava um pequeno doce de limão ao interior de sua boca —, mas eu gostei.

A ansiedade por aquele encontro quase que desapareceu por completo. Era certo que ele nem sequer se importava mais de fato com a presença da Alta-Ministra a sua frente. Somente os doces lhe eram visíveis, o que era perceptível com os mais de dez cubos de açúcar que ele colocou em sua xícara de chá. Os cubos sequer eram capazes de se dissolver naquela bebida. “Mais três…”, pensava ele em colocar ainda mais daqueles cubos.

Se Diana não desse início ao assunto que a fez convocá-lo, acabaria por presenciar alguém diminuindo seu tempo de vida com uma técnica muito doce.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Ter Abr 23, 2019 9:24 pm

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

Dentre todas as coisas que faziam a Alta-Ministra perder a paciência, ter que esperar era uma delas. Sua ansiedade era colocada em jogo nestas situações, atormentando-a constantemente. Quiçá Orion soubesse disso, e como uma forma de provocação a ela, comportava-se de formas que a prejudicariam psicologicamente. Ainda que Diana tenha o criado como parte da família, a pedido da Imperatriz, e que a relação de ambos seja ligada por um forte vínculo emocional, a personalidade que Orion desenvolveu ao longo dos anos não se coincidia com certas situações; apesar dele ter tido a criação que muitos sequer consigam sonhar.

Aborrecida por conta de toda aquela demora do príncipe, Diana criava simulações em sua mente de como reagiria quando ele de fato chegasse, isso se realmente chegasse. Em contrapartida, seu lado materno apitava, e a preocupação era inevitável. Sabia que, como membro da família real, Orion teria toda a segurança necessária para não sofrer um arranhão. Todavia, ela tinha ciência de que haviam pessoas com más intenções, e que fariam de tudo para derrubar a nobreza e realeza, o fazendo de alvo ambulante. Em um cenário onde o pior acontecesse, jamais se perdoaria por permitir tal catástrofe.

Sabendo que toda aquela preocupação não adiantaria de nada, a Alta-Ministra começou uma técnica de respiração. Inspirou todo o ar que fosse capaz enquanto contava mentalmente até três. Depois, soltou este ar no mesmo tempo, e por fim, prendeu a respiração, novamente, por três segundos. Foi repetindo o processo até notar melhora, o que levou na repetição de cinco vezes seguidas. Por fim, ao perceber que já se encontrava menos apavorada, retirou um maço do comportamento secreto do vestido e acendeu um cigarro. Na primeira tragada, ao expelir a fumaça, a porta se abriu e a presença do príncipe iluminou seus olhos.

— Pensei que não fosse resolver o enigma — comentou entre as tragadas, dando leves batidas para que as cinzas voassem — mas eu não poderia esperar menos de você, não é? — Apenas ficou o observando enquanto todos os doces eram consumidos por ele. Felizmente, Diana sabia da maioria dos gostos e costumes do abençoado, e teve sucesso na tentativa de agradá-lo. — Mas não foi por isso que eu te chamei aqui, Orion. O real motivo desse encontro, é para resolvermos questões passadas, em outras palavras, darmos inícios a planos que ficaram na gaveta. — Deu a última tragada naquilo que era um cigarro completo.

por **Albedo Souteyrand** Qua Abr 24, 2019 9:50 am

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

As sobrancelhas do príncipe se ergueram por trás das serpentes que circulavam parcialmente sua cabeça. Não era esperado que a Alta-Ministra fosse encontrada fumando, muito menos em um ambiente fechado onde seria impossível para ela se livrar do odor desagradável de tabaco. Alguma coisa deveria estar provocando angústia nela, algo que o jovem gostaria de descobrir e explorar, um sadismo que ele aprendeu com a própria tia.

“Os planos da gaveta…” repetiu para si mesmo enquanto consumia o sétimo doce entregue pelas suas cobras diretamente em seus lábios. “Nunca pensei que esse dia chegaria tão cedo”.

Com seus olhos incomuns descobertos, o príncipe encarou Diana. Era visível sua alegria por aquele momento, pois suas pupilas estavam mais dilatadas que o normal para o possível de uma serpente. Aparentemente, os dois não passariam a tarde numa de suas competições mensais sobre quem teve os maiores feitos. Não, a verdadeira razão daquele encontro era ainda a fase de preparação para um espetáculo que estava por vir.

Enquanto mexia o conteúdo de sua xícara com uma pequena colher, Orion produziu altos agudos que ele sequer percebeu. Seu lábio era mordido por uma de suas presas, aplicando alguma peçonha da qual não o afetava. Por um instante, esqueceu de respirar.

Apontou todas as mechas vivas na direção da mulher, tomando uma visão completa dela ao usar suas dúzias de olhos.

— Então daremos início a fase um — afirmou com paixão pelas duas últimas palavras. Havia um espaço reservado em sua memória para a descrição de cada uma das fases do plano de sua tia. — Já conseguiu os espinhos? — referiu-se a um detalhe que apenas os dois tinham conhecimento.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Sáb Abr 27, 2019 1:20 am

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

Dentre todas suas crias, Diana inconscientemente tinha uma preferência por Orion. Ao ser questionada pela caçula outrora, sobre quem era a filha preferida, a mulher respondeu que as amava igualmente — apesar de não ser verdade —, ainda que exista o amor maternal e o vínculo emocional. O príncipe, de certa forma, tinha todas as qualidades desejadas pela Alta-Ministra, e imperfeições aceitáveis, quase que imperceptíveis.

Enquanto o garoto saboreava o chá, Diana permaneceu o encarando, reflexiva, com uma feição de satisfação e um leve sorriso. Saber que fazia parte daquele desenvolvimento fenomenal, resultando em uma obra-prima magnifica, a trazia uma sensação ininteligível de gozo. Nunca ousou dizer a ele o quão exultante era para ela, mas afinal, não precisava, pois seu rosto dizia por si só.

— Projeto Lambda. — Foram as únicas palavras entoada por ela, imóvel. Decifrar um enigma seria algo relativamente fácil para Orion, mas lembrar-se de tal projeto, talvez fosse pedir demais. No entanto, Diana sentia a necessidade de forçar a memória de seu príncipe, pois de nada ele serviria se tivesse uma mente fraca. ''Talvez decapitação, ter a cabeça dele no meu escritório...'' Bolava planos em sua mente caso o jovem não desse a resposta desejada.

Durante a espera por uma resposta aceitável, a Alta-Ministra acendeu mais uma vez outro cigarro, dando uma longa tragada com os olhos travados em Orion. Expeliu a fumaça para cima, e o segurou com a mão esquerda, entre o dedo indicador e o médio, perto do rosto.

por **Albedo Souteyrand** Sáb Abr 27, 2019 4:36 am

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

Dentre as coisas mais importantes para Orion, os doces se encontravam perto do topo. Bolos, tortas e biscoitos, chás, chocolates e sorvetes. Poderia sacrificar todos os seus membros para manter a existência de tais guloseimas nesse mundo. E, ainda assim, a mão destra do príncipe tremeluziu antes de permitir que o recipiente de porcelana fosse de encontro com o chão.

O açúcar se espalhou junto aos cacos da xícara e à bebida quente que sequer foi provada. Caso não fosse limpo depressa, insetos iriam surgir e empestear a sala do capitão.

— Projeto… Lambda… — repetiu vossa majestade, tentando se convencer que aquilo não se tratava de um sonho. Há muito tempo que esperava por esse dia. Era mais fácil acreditar que o plano permaneceria no papel pra sempre, mas agora tudo foi mudado com somente duas palavras.

O que Diana estava fazendo poderia ser descrito como preparar o tabuleiro para um xadrez. Lambda era uma das muitas peças, mas pertence a Orion. Sendo assim, esse jogo que estava sendo ajeitado não poderia, de fato, ser comparado com o clássico xadrez. Na realidade, não poderia sequer ser considerado um jogo. Além do mais, aqueles dois criaram as regras e, dentro delas, não há derrota para eles.

Recompondo-se após seu êxtase, o príncipe apertou as pontas dos apoios de braço de sua cadeira. As serpentes de seu cabelo dançaram de maneira aleatória antes de voltarem a ser mechas.

— Quer dizer que precisarei me aproximar ainda mais daquele menino… — Ele se referia a alguém crucial no Projeto Lambda, cujo foi sugerido pela Alta-Ministra em uma pequena lista de opções. Sendo difícil de ser aceito devido sua personalidade exótica, o príncipe possui um desapreço muito grande por relacionamentos. Para ele, se alguém não lhe era útil no momento, não deveria estar no alcance de sua vista. Um pensamento que complica a possibilidade de um noivado, por exemplo. — O que não faço por você, minha tia querida? — perguntou retórica e cinicamente, pois fazia nada daquilo por ela.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Qui maio 02, 2019 3:22 pm

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

Da mesma forma que uma flor exala seu perfume ao desabrochar, o sorriso da banshee se estendia ao ponto que Orion comentava sobre o projeto — algo extremamente raro. É claro que em outros momentos ela poderia ter tais reações de contentamento, mas nunca ao ponto de torná-las visíveis. Sempre evitando que cometesse deslizes que mostrariam seu lado falho.

Sendo uma serva da morte, Diana colidia constantemente entre dois planos; dos vivos e dos mortos. Passou por um longo período em um voto de silêncio, algo gerado por um trauma vindo de sua individualidade, mas nunca sozinha. Espíritos a cercavam, a acompanhavam. Na maior parte do tempo, almas que estavam vagando pelo outro lado do véu. Por pressentir a morte, começou dar amor à vida, e consequentemente, valor ao próximo. Todavia, isso fez com que ela se fechasse em seu próprio mundo, pelo menos até agora.

— Desde quando você era muito, mas muito novo, conversávamos sobre o Lambda. Eu o colocava para dormir contando histórias de como tal projeto seria eficaz, com a sua essência nele. E finalmente, depois de tanto tempo, temos tudo o que é necessário para iniciar — proferiu Diana, dando a última tragada no seu cigarro — mas, como Alta-Ministra, você sabe que não posso ter ligamento. Infelizmente, possuo holofotes, um alvo nas costas. Qualquer deslize seria motivo mínimo para chegar na boca do seu pai. E eu não desejo que isso aconteça. — Ainda que tudo seja em prol do Império, muitas coisas eram feitas por esta sem que o Imperador soubesse. E essa era uma delas.

— Mas, este é um assunto delicado... — A dama levantou-se rapidamente. — E assuntos delicados não podem ser tratados sem uma boa dose de álcool! — Finalizou a frase enquanto se aproximava de uma estante, repleta de bebidas, algumas um tanto quanto exóticas. ''Ou o capitão é alcoólatra, ou ele é um grande apreciador e colecionador destas maravilhas'' pensou.

Retirando o lacre de proteção, e a rolha daquilo que parecia ser uma garrafa de whisky, Diana a levou até a boca, tomando quase que meia garrafa no gargalo. Uma gota sequer escorreu para fora, e a sensação de queimação na garganta era algo maravilhoso para ela. Quiçá ficaria bêbada rapidamente, mas não se importava muito com isso, afinal, hoje era para ser a sua folga; e em seus pensamentos, não há nada melhor para fazer na folga do que ficar bêbada.

— Você quer um gole? — questionou Orion, com meia garrafa na mão.

por **Albedo Souteyrand** Qui maio 02, 2019 7:06 pm

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

Apesar do tamanho do Império, o príncipe Orion continua duvidando que haja alguma pessoa tão similar a ele quanto a mulher que o educou. Claro que a maior parte de suas semelhanças se dá pelo fato dela ter literalmente condicionado sua cabeça desde pequeno, mas ela só conseguiu plantar suas ideias na terra que era propícia somente a isso ou a loucura. Quiçá a insanidade invadisse os jardins da mente do jovem caso a Alta-Ministra, a jardineira, parasse de cuidar dele por muito tempo. Uma bomba relógio.

“Pergunto-me se Diana é uma incrível estrategista desde sempre ou apenas aprendeu bastante com o tempo”, pensou enquanto olhava o corpo ainda jovem da mulher de idade. Ele sabia a quantidade exata de anos daquela quimera, embora o tempo parecesse esquecer. “Diana, a fada da morte”.

Quando estava se perdendo nos devaneios sobre sua mãe confiar em alguém com tal individualidade para educar seu filho de comportamento estranho, a Alta-Ministra começou a falar sobre o passado. Ela recordou junto de vossa alteza sobre os dias em que refinavam o projeto Lambda. Além de também explicar as razões para ela não ser a protagonista de tal parte do plano.

— Enquanto eu posso chegar aos ouvidos de meu queridíssimo pai em qualquer formato: mal, louco ou até mesmo perverso — complementou a justificativa com um ar de escárnio, embora não fosse de seu intuito provocar sua tia. Sua personalidade apenas não o permitia deixar de ser irônico em momentos inadequados.

De repente, como se uma outra pessoa tomasse o controle do corpo de Diana, ela se levantou da cadeira em que se encontrava para buscar uma garrafa de whisky. Apesar de pertencer a nenhum deles, ela ofereceu um gole após tomar quase metade de uma só vez e o príncipe aceitou, tomando o recipiente das mãos dela.

“Acho que nunca tomei uma bebida alcoólica pura desde aquele dia…”, lembrava enquanto imitava sua tia, consumindo quantidades desmedidas em um único gole. Mal lembrava o jovem que sua última vez bebendo excessivamente acabou por ele aprontando vergonhas épicas e se esquecendo de tudo que fez quando acordou no dia seguinte.

— Vamos... pegar mais uma… — esforçou-se em dizer para Diana. Ele já estava em busca da próxima bebida, se importando nem um pouco com qual seria. Encontrava-se já meio alto e mesmo assim retirou uma garrafa de rum do armário do capitão. — O que acha dessa? — questionou antes de abrir, mostrando o que havia pego enquanto sorria como uma criança. As serpentes em seu cabelo já tentavam abrir a garrafa sozinhas durante a distração de Orion.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Sex maio 03, 2019 2:42 pm

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

Tendo uma resposta intempestiva, o príncipe aceitou de bom agrado o resto da garrafa, finalizando-a no gargalo, assim como sua tia. Era perceptível a falta de prática dele, mas seguindo o embalo, agiu com a devida destreza na hora de consumir todo aquele líquido inflamável sem malbaratar uma gota sequer. ''Eu poderia facilmente me dar os créditos disso, afinal, sou uma bela mãe...'' Tais palavras ecoavam na mente de Diana, plenamente realizada.

— Sim... Orion, você poderia abrir a boca para seu pai... E então eu abriria o porão novamente, o que acha? — Ela sabia que o garoto não tinha más intenções, nem a vontade direta de provocá-la, apesar disso, deu uma resposta que o faria repensar várias vezes suas próximas falas. — Acredito que você se lembra do que estou falando, não é mesmo?

Mesmo que Diana tenha uma aparência jovial, beirando a época que tinha seus 35 anos, hoje em dia não é bem assim que funciona. Ela tornou-se imune as devastações do tempo, mas apenas fisicamente. Ainda que seu envelhecimento seja imperceptível aos olhos nus, não passa de uma boa aparência por fora e uma casca destruída por dentro. Seus órgãos, principalmente. Com isso, por virar a garrafa e ingerir todo aquele álcool, foi o suficiente para alterar seu estado, ficando parcialmente alcoolizada.

— Or... Orion... hic — proferiu a dama, caminhando até a parede — vou ali e quando voltar, retorna... retorma... retormarei — finalizou a frase, ou o que era para ser uma frase.

Diana então, usando seus dons fantasmagóricos, tornou-se invisível enquanto atravessava a parede, em busca de algum banheiro, para que pudesse realizar suas necessidades. Entretanto, enquanto vagava como uma alma penada pelo acampamento, deparou-se com um ser peculiar; era um soldado, mas tinha por volta de 25 anos, caucasiano, cabelos negros como o carvão e olhos azuis como os oceanos.

’Por que não?’’ Considerou a ideia de habitar o corpo do homem que havia chamado sua atenção, e como não estava sã, resolveu divertir-se em outro receptáculo, por assim dizer. Caminhou em sua direção, e literalmente o adentrou, tomando controle de todas as funções. No começo, sentiu-se estranha, pois o mesmo teve uma resistência alta — o que não foi o suficiente para negar a banshee.

— Hmmm... — murmurou para si, tocando nos órgãos genitais por dentro das vestimentas — grandinho...

Agora, em um corpo novo — e bêbada —, Diana vagava pelo acampamento. Muitos conhecidos passavam, e a cumprimentavam, até mesmo notavam o estranho comportamento demonstrado. Um pé após o outro, bunda empinada e peito estufado... essa é a lógica que ela tentava seguir, mas na parte prática, estava andando como se tivesse defecado nas calças, com as pernas abertas e atraindo olhares indesejados. ''Devo estar arrasando''.

Após alguns minutos de algo que parecia ser uma caminhada, o tédio apareceu. Experimentando coisas novas, explorando universos diferentes, teve a brilhante, ou talvez estúpida, ideia de despir-se no meio de uma tropa de soldados. Começou por retirar a blusa, em seguida as calças, botas, por fim, a cueca que escondia o Gigante Golias. Aos poucos, fora atraindo mais olhares, pessoas rindo, comentando... Todavia, para ela, estavam admirando o grande monumento descoberto, vulgo, pênis de aproximadamente 20 centímetros.

●●●

— ORI, OLHA SÓ! — Voltou depressa para sala do capitão, onde seu sobrinho estava. Flexionou os joelhos e balançou as bolas, mostrando a perfeição.

por **Albedo Souteyrand** Sex maio 03, 2019 3:27 pm

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

Orion quase não reparou que sua tia havia começado a levitar, deixando as pernas dobradas e os pés quase na altura da bunda. Os braços da ministra se encontravam caídos, assim como seus ombros. Ela havia perdido toda a sua postura nobre, assim como o príncipe que tinha sua boca aberta pelas cobras de seu cabelo que despejavam rum puro direto em sua boca ao inclinar a garrafa. “Hm, pra onde ela foi?”, questionou-se o jovem pouco depois do sumiço da outra. Devido ao seu estado, não conseguiu entender o que havia acontecido. “Foda-se”.

Sozinho na sala do capitão, o príncipe continuou a beber. Suas cobras pulavam de sua cabeça para ajudá-lo a conseguir mais e mais alcoól. Como faziam parte dele, acabavam por se embebedar rapidamente também.

— Sakê? O que… hic!... é isso? — perguntou a uma piton amarela que carregava uma garrafa com nome desconhecido para o rapaz. Como esperado, a serpente não o respondeu e mesmo assim teve o recipiente removido de sua boca para ser colocado sem demora na boca do jovem bêbado. — Não é… hic!... ruim…

⛧

O número exato de goles era mais difícil de calcular do que a quantidade de bebidas diferentes. Orion sequer sentia mais a queimação em sua garganta, o que assim lhe permitia ingerir tudo que havia naquele armário sem derramar uma lágrima sequer. Se ele tivesse ainda alguma atenção quanto ao seu próprio corpo, seria capaz de perceber que não sentia mais suas pernas, embora conseguisse fazer os passos mais perfeitos de uma dança que jamais seria capaz de nomear. E, apesar de serem desprovidas de membros, uma dúzia de suas cobras tentavam acompanhar seu ritmo.

— Depois quero que me ensine esse… passo… — disse para uma das cobras, como se ela soubesse algo que ele não.

De repente, a porta para o escritório do capitão foi aberta abruptamente, pegando vossa alteza e suas serpentes de surpresa. Apesar disso, uma das cobras continuou dançando, distraída com o que acontecia ao seu redor.

— Tiaah… hic!... Diana? — Orion estava assustado. Ele havia claramente ordenado que ninguém deveria interromper a reunião dos dois, ou era isso que ele pensava. A possibilidade dele ter feito o oposto disso quase o fez perder a atenção da situação, mas uma coisa grande se balançou a sua frente, atraindo seus olhos e os das suas serpentes. — Louvado seja meu avô! — O membro daquele homem era tão grande aos olhos do bêbado que por isso foi capaz de completar uma frase sem gaguejar ou soluçar.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Sáb maio 04, 2019 2:09 am

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

Ao retornar de uma forma peculiar e ter Orion a sua frente, Diana, mas não mais Diana, o encarou fixamente. O jovem, completamente bêbado, conseguiu ter um breve momento de lucidez ao comentar sobre a cena que estava presenciando. Quiçá nem percebera que a dama havia se retirado por alguns minutos, e ao retornar, não era mais em seu corpo original. No entanto, ele sabia de suas habilidades, e rapidamente pôde associar todo o cenário — ou não.

— Você... hic... viu? É tão grande... hic. — Não era possível diferenciar se a banshee estava tentando soluçar, ou falar. No meio de palavras, sons indecifráveis se perdiam na boca daquela que não era mais fértil, ou no caso, daquele. — Eu... hic... estava procurando o... hic... banheiro... hic... e ENCONTREI ELE.

Depois de algum tempo, parada, apenas balançando as bolas para chamar atenção de Orion, ela ergueu-se novamente e desfilou até o centro da sala, pelo menos era isso o que imaginava estar fazendo. Manter-se naquele corpo, como uma simples hóspede, era a coisa mais simples para Diana. Todavia, não era de seu hábito praticar atos deste tipo com aliados do Império — não sempre. Ajoelhou-se e em um piscar de olhos, seu corpo se desvinculou do hospedeiro, fazendo com que o soldado caísse desacordado.

— Acho que... hic... ele está bem! Hic! — comentou, fitando o par de nádegas angelicais que o mesmo continha — que tal assombrarmos ele?

por **Albedo Souteyrand** Sáb maio 04, 2019 4:24 am

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

Todos os olhos de Orion estavam voltados para o pênis do homem despido que Diana havia levado até o escritório, até mesmo a cobra distraída acabou por notar a presença da serpente sem olhos. Para ter certeza do comprimento, o príncipe esticou um de seus braços e levantou o polegar, deixando-o paralelo ao membro em sua vista. Não fazia sentido sua técnica, não para sóbrios.

— Estranho... Por que encontrou… hic!... um homem no banheiro das damas? — Acreditava ele que existia tal discernimento numa base militar.

Aquele show erótico encantava todas as serpentes, exceto por uma que buscou mais uma bebida para vossa alteza. Enquanto assistia o balançar das partes do desconhecido, o príncipe bebia ainda mais álcool entregue por seus répteis capilares.

Duas cobras começaram a brigar em um dos cantos do escritório, aparentemente por um pouco de bebida derramada.

De repente, a Alta-Ministra fez uma sugestão a Orion, no entanto, ele havia se esquecido onde ela estava. Então, quando a viu fora do corpo do homem nu no meio do escritório, assustou-se, deixando cair outra garrafa de whisky. Suas cobras saltaram na direção daquela poça, brigando por cima dos cacos para conseguir lamber o chão.

— A-Assombrar? — Foi preciso repetir e alguns segundos para o príncipe processar a fala de Diana. — Claro… hic! — Voltando a comandar suas cobras embriagadas, fez com que elas fechassem a porta do lugar em que se encontravam. Em seguida mandou uma dúzia delas subirem no corpo do homem ainda inconsciente, circulando a perna dele para chegarem em sua cabeça e cobrirem todo aquele corpo. — Ele vai tomar um… hic!... baita susto quando acordar, tia.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Dom maio 05, 2019 3:41 am

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

Talvez toda aquela situação fosse um tanto quanto exagerada, mas nenhum deles se importava ao ponto de descontinuar. Muito pelo contrário, apenas tinham mais ideias do que poderiam fazer para atormentar aquela pobre, e infeliz, alma. Notoriamente que não estava nos planos de nenhum dos dois finalizar com a vida daquele ser frívolo, mas nada os impedia de vadiar. Como já dizia o ditado, na hora errada e no lugar errado.

Caminhando de ponta a ponta da sala, Diana estava concentrada em seus pensamentos, idealizando o que poderia fazer com a vítima. Mil e um cenários foram conjecturados pela mulher, porém, na maioria deles resultava em perecimento — e esse não era seu desejo. Durante seus longos passos, as cobras de Orion tomaram parte e se enrolaram no soldado, como também barraram a saída. Ninguém mais entraria, ou sairia.

— Podemos... — Antes mesmo de Diana conseguir terminar sua fase, fora interrompida por gemidos. A bela adormecida havia acordado, e finalmente a diversão começaria. — Podemos — comentou com um ar de satisfação. No mesmo instante, começou a entoar um canto melancólico, possuindo apenas uma única nota aguda, sem sequer abrir a boca. As luzes, que iluminavam o ambiente, explodiram. O ar, que antes parecia confortável, tornou-se álgido. Ecos de lamentação começaram então a ecoar por toda a sala

''Só porque a noite é escura e cheia de horrores, não há motivos para timidez'' Mentalizou enquanto prosseguia com seu cântico, e a cada segundo que se passava, o véu entre os dois planos se abria mais e mais, fazendo com que espíritos dos mais variados tipos entrassem em contato com a banshee. Eles se locomoviam de um lado para o outro, atravessando Orion, as cobras, e até mesmo o soldado imóvel. Dois cachorros também estavam presentes, espectrais e sem as devidas cabeças.

Apesar de compenetrada, Diana enxergava a feição de sua vítima. Completamente apavorado, pois se seus olhos arregalassem mais, provavelmente soltariam para fora. Ele não poderia se mexer, mas ainda continuava tentando. No momento em que começou a gritar de desespero, ela anulou o som, de tal forma que não era possível ouvir sequer um chiado provindo do mesmo. Um estado catatônico e de pânico, mal sabia o infeliz que quanto mais ele demonstrasse pavor, mais divertimento seus senhores teriam.

Os espíritos permaneceram com o mesmo comportamento, não estavam sendo ofensivos, dado que sabiam da vontade de sua mestra. Não obstante, apenas a presença deles faziam qualquer ser vivo sentir o verdadeiro medo.

por **Albedo Souteyrand** Dom maio 05, 2019 8:22 pm

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

Com a escuridão que o escritório se tornou devida às ações de Diana, os olhos do príncipe começaram a se adaptar. Ele sequer precisava da sua visão para saber onde se encontrava cada um naquela sala, pois conseguia localizar qualquer coisa pela sua temperatura, um sentido que as cobras possuem. Apesar de não serem tão vulneráveis quanto a sons, os agudos que a banshee produziu fez com que a serpente dançarina distraída desmaiasse.

Era possível sentir um frio não natural atravessar o próprio corpo. Almas atraídas pelo canto da fada da morte fizeram daquele recinto um lugar para se reunirem e circularem. Cada fantasma era diferente e ao mesmo tempo similar, pois era difícil de enxergá-los sem possuir dons mediúnicos, como a Alta-Ministra.

— O que será que eles bebem? — pensou Orion em voz alta, distraindo-se mais uma vez por um instante.

Uma dupla de cães fantasmagóricos e sem cabeça se juntaram aos outros espíritos, provando para o príncipe que animais também possuem aquilo que chamam de alma. “Ou ninguém possui alma, apenas ecos de suas existências no universo. Além do mais, somos todos movimentos através da matéria, vibrando e ecoando. Isso claramente deve deixar marcas em um nível dimensional ainda não explorado pela ciência, nem mesmo pelos antigos homens, os tolos que quase acabaram com o mundo”. Orion finalmente havia alcançado seu estágio seguinte de embriaguez, aquele em que se tornava filosófico, depressivo e muito crítico.

Enquanto o homem no centro da sala tentava escapar do abraço das cobras e dos toques gélidos dos não-vivos, o príncipe começou a pensar no que poderia fazer a seguir. O objetivo era assustar e não matar. Além do mais, tudo aquilo não se passava de uma brincadeira. “Ele não querer faz parte do espírito”, pensou enquanto se aproximava daquele desprovido de roupas.

— Está me ouvindo? — o príncipe perguntou ao soldado em um murmuro próximo a orelha dele. Com seu Aegis ativado, sabia que sua aparência e até a própria voz seriam transformados em coisas assustadoras. Para os olhos do soldado, o príncipe deveria ser uma espécie de demônio reptiliano com um tom de voz amedrontador. — Acredito que esteja. Então, olhe pra cá. — Não foi preciso pedir duas vezes. O homem estava apavorado demais para conseguir desviar seu olhar, como se temesse que fosse morto caso o fizesse. Porém, isso permitiu que o Olhar Gorgônico fosse utilizado, encantando o medroso. — Faça tudo que eu e ela mandarmos enquanto você estiver nesse escritório hoje — disse para o hipnotizado. Então se virou para sua tia. — Quer brincar com…? — deixou que a mulher completasse sua fala.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Ter maio 07, 2019 4:24 am

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

Aterrorizado seria a palavra certa do momento, associando-a ao jovem inocente. Era claramente visível o seu desespero, ainda mais quando Orion utilizou de suas habilidades para intensificar o medo. Era possível enxergar um líquido amarelado escorrer pelas pernas daquele que não poderia se mover, urinando-se, literalmente. Cômico então eram os gritos que ele tentava dar, mas tudo sem sucesso. A boca se abria, as cordas vocais faziam o trabalho, mas nenhum pingo de som. ''Quando será que ele vai perceber que não ecoará uma nota sequer?'' Pensou Diana, dando as costas para ambos, incomodada.

Após alguns minutos entoando seu cântico mágico, já não era mais necessário Diana prosseguir, visto que todos os espíritos que poderiam atender o chamado naquele instante estavam ali — e ao mesmo tempo que a sala estava vazia, estava totalmente cheia. Alguns eram tímidos ao ponto de somente a donzela enxergar, assim como outros eram afrontosos o suficiente ao ponto de permanecerem parados, na intenção de intimidar até mesmo Orion. Não que eles pudessem fazer algo neste plano, tendo em mente que estavam ali pelo puro terror psicológico.

— Até ousaria, Orion. Mas veja, ele se mijou... — disse Diana, apontando para poça de urina — e eu não estou com vontade de violentar uma alma que se partirá daqui alguns dias. — Talvez em missão, tendo sua cabeça separada do tronco; talvez em sua própria casa, assassinado; ou até mesmo por sofrer algum acidente. Mil cenários possíveis, e a única certeza dela era que em poucos dias, ele não estaria mais entre os vivos.

A feição daquele que estava imóvel, ao ouvir sobre sua morte, mudou. Cessou com as tentativas falhas de gritar em pedido de socorro, e lágrimas se deram início, escorrendo em seu rosto, como uma cachoeira.

— Eu sei que é difícil saber que a morte está próxima — murmurou a donzela, ainda de costas para ambos — mas a melhor coisa disso tudo, é que poderá descansar, Lucas. — Assim que os espíritos foram invocados, um em peculiar, conhecia o soldado. Implorou para Diana que não o fizesse mal, mas fora ignorado por ela, que o baniu logo após, mas não antes de descobrir o nome do rapaz.

Novamente as mesmas notas agudas começaram a ser entoadas pela banshee, só que agora, ao invés de convocar mais espíritos, dois seres impuros ergueram-se da terra, ou melhor dizendo, do chão. O piso, feito de madeira, foi completamente destruído pelo primeiro morto-vivo, trazendo seu colega em sequência. Então, os controlando, ela fez o primeiro pegar Lucas por um braço, enquanto o segundo o pegava pelo outro braço, erguendo-o. Os servos o levaram para um armário próximo, e o trancaram lá.

— Então, Orion, onde estávamos mesmo? — proferiu, dando um leve suspiro enquanto seu cântico se finalizava, e os mortos-vivos ficaram mais mortos do que vivos, restando apenas ossos no chão.

por **Albedo Souteyrand** Sex maio 10, 2019 11:34 pm

i. hora do chá em le ange.
abr 21 2302, 01:30 PM

Por causa dos fantasmas invocados pela banshee, o escritório do capitão da tropa expedicionária se tornava cada vez mais frio. Era um grande incômodo para o príncipe de sangue que se mantinha na mesma temperatura que o ambiente. Se esfriasse ainda mais, poderia acabar por hibernar até ser aquecido. “Porcaria de mortos sem calor”, resmungou enquanto via Diana trazer ainda mais espíritos.

Uma das cobras que se encontrava ao lado de Orion encarou um espírito por cinco segundos antes de desmaiar, assustada.

— Que saco… — Vossa alteza estava realmente excitado com a ideia de brincar com o soldado despido e assustado. Até mesmo havia feito uso de sua hipnose para conseguir um falso consentimento e temporário. Não seria preciso segurá-lo e de maneira alguma o membro do homem deixaria de estar ereto, exceto se ele sofresse de algum problema. — Eu queria tanto…

Corpos em decomposição emergiram do chão do escritório e pegaram o soldado no colo, levando-o até um armário com espaço suficiente para prendê-lo dentro. De acordo com Diana que fazia tudo aquilo, o homem morreria em breve. Portanto, não havia graça alguma violentá-lo. “Como se o objetivo aqui era fazer um capítulo cruel na história de vida dele. Eu só queria tocá-lo…”

Orion agora estava reclamando de tudo. Outra de suas fases quando embriagado.

— Lambda, projetos, essas coisas… — respondeu à pergunta de Diana com os braços cruzados. — E ainda terei que me casar com a pessoa que você escolheu. — Só de pensar em tudo que teria de fazer, sua cabeça começou a latejar. Levou suas mãos às têmporas para massageá-las.

Holy Diver @ Loony

por **Diana Souteyrand** Sex maio 10, 2019 11:35 pm

Hora do Chá

ABR 21 2302, 01:30 PM

— Nossa, verdade... Acredito que minha idade já esteja prejudicando minha memória, mas prefiro alegar que tal divertimento fez com que eu me distraísse do foco principal — respondeu a mais velha, agora procurando um local para sentar-se, optando pela ponta da mesa, que era a única coisa limpa ali, sem álcool, urina, açúcar ou fezes de serpentes — você se casar com sabe quem, é de extrema importância para que nosso plano se inicie, e também se concretize de forma agradável, sem muitas baixas, pelo menos de início. — Cruzou as pernas, e os braços, observando Orion enquanto proferia suas palavras.

Algumas batidas eram possíveis de se escutar, provindas do armário que o soldado estava preso. Diana, diferente de Orion, sabia que era questão de minutos, quiçá horas, para aquele trocar de plano. A temperatura do ambiente fora restaurada, deixando de ser gélida — algo que incomodava as serpentes, e até mesmo seu sobrinho. Todavia, ainda estavam em completo breu, algo que não era problema para os dois.

— Creio que o seu pai, o Imperador, não se importará com o casório. Diferente de sua mãe, aquela megera, que talvez tente colocar o dedo podre no meio... — Diana descruzou as pernas, acendendo outro cigarro. — Não que a opinião daquela vaca me importe, afinal, ela o entregou para mim enquanto você era apenas um menininho insolente e sem futuro, o que eu sou eternamente grata.

Apesar de servir ao Imperador, e toda família real, a fada negra não se encaixava com a personalidade e imaturidade de sua senhora, a imperatriz. O simples fato dela ter entregue Orion às suas mãos, fez com que Diana a abominasse cada vez mais. ''Não existe amor...''

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