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Mensagem por Asura Ter Jun 23, 2020 2:47 pm

Ímpeto da Gula
Uma grande família, despedaçada nos cantos do mundo. Partes de uma força única, união em prol de um fim: a sobrevivência. Humanos sem humanidade, ao menos são confundidos em relação a aparência. De origem incomum, moldados e cuspidos das entranhas digestivas da Mãe, eles se alimentavam de outros homens. O gosto do ferro intragável ao paladar a qualquer outra coisa, senão a carne do homem. Antropofagia — o ato de deliciar-se nela.

A entidade dos mortos vagantes sugava os restos das carcaças dos falecidos, a torrente de vômito avermelhado — recheada de pedaços e fragmentos de ossos mal mastigados — sofria com a mágica da criação. Os borbulhos e o odor desagradável, esse procedimento dava a um Ghoul. Descendente direto daquele engolido e filho de Preta, a imagem da figura era idêntica àquele, embora lembranças de identidade do passado se perderam. Uma nova vida tão inteligente quanto a anterior.

A cobiça desenfreada por conhecimento levou à humanidade — os próprios, na atualidade, quimeras — a se aventurar em territórios proibidos, invadindo terras “sem donos”. Armados de tochas para instruir os caminhos nas cavernas abandonadas, lá encontraram as primeiras civilizações dos mortos-vivos. Apesar da ausência de individualidade, aqueles seres eram letais a sua maneira. Munidos de membros extras extremamente resistentes e poderosos, muitos serviram de alimento para a invasão.

Situações como essa se repetiram dezenas ou centenas de vezes até compreenderem como derrotá-los.

(...)

— Como podem fazer isso? — Evidente indignação nas palavras do homem. Por outro lado, os olhos franzidos deixavam nítida a ira atrás. Não mediu as forças quando cerrou o punho, nem quando o usou para esmurrar a parede rochosa mais próxima. Rachou-se facilmente. Andava de um lado para o outro, já com os braços cruzados rente ao tronco, pensativo.

— Deveríamos fazer algo. — O semblante feminino, então, o parou. As mãos avançaram aos ombros daquele, dando por fim à inquietação.

— Qual é a sua sugestão, Meyrin? — O homem robusto a encarou firmemente, sequer piscava, curioso com o que vinha a seguir.

— Cerlyn. — A mulher o fitava do mesmo modo. Uma pequena linha nos lábios dela mostravam o compadecer com os sentimentos dele. — A gente deveria retribuir na mesma moeda. — Engrossou a fala, embora exibisse um meio sorriso cativante. — Nós ficamos nas sombras por muito tempo, enquanto eles vêm e matam nossos irmãos. Passividade não ganha uma guerra, corresponder às afrontas, sim.

— Você sugere que saiamos daqui e nós mesmos os atacamos? — Descrente dos ideais alheios, Cerlyn arqueava as sobrancelhas no alto da testa.

— Lembro de tempos em que você ficaria excitado com uma ideia assim, Cerlyn. — A fêmea deu passos para trás. Recuava e dava às costas a ele. — Methis, Yorath, Anahid, Serana e muitos outros. — Nomes sussurrados aos ventos dos mortos. — Irmãos que perdemos por causa desses humaninhos, quem insiste em arranjar encrenca conosco. — Se virou a ele novamente. — E, ah. Pelo o que soube, nem todos foram mortos, mas mantidos em cativeiro nos lares dos humanos para que possam estudar nossa espécie.

Cerlyn manteve-se calado.

— Você acha justo? — Fez questão de elevar o tom, ao mesmo tempo em que estava tão próximo dele quanto outrora. Depositou as mãos no rosto cabisbaixo do homem e o forçava a olhá-la de novo. — Vocês, meus irmãos, acham que devemos ficar parados até os fins do tempos? Aguardando a morte chegar? — O par estava sobre uma elevação. O monólogo e discurso eram os alvos de atenção de muitos outros, influenciados pela sugestão ofensiva de Meyrin.

(...)

Rasgavam o vento, uma cortina de poeira se erguia. Movimentavam-se velozes. Impiedosos e impetuosos. O ronco do estômago, esfomeados e sedentos. A gula pela graça da carne, o sabor que estimula os sentidos, temperada com flocos de vingança generalizada.

Centenas, não. Talvez milhares avançavam para dois cantos, duas concentrações de homens. Era preciso salvar a espécie, enquanto oblitera os predadores no topo da cadeia alimentar.

Créditos à @Samsara


Asura
96

25/03/2019

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