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Mensagem por Brandon Kanda Onawa Qui Jun 18, 2020 11:42 am

A Filha do Lobo
A passagem a seguir é FECHADA AOS ENVOLVIDOS, no caso, se limitando ao capitão Brandon Kanda Onawa. É noite na cidadela de Haafingar, por volta das 23h, há cerca de quinze anos atrás. O conteúdo que o texto aborda é LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS.

Brandon Kanda Onawa
Wolf

24

28/04/2019

Haafingar, área rústica

Brandon Kanda Onawa

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Mensagem por Brandon Kanda Onawa Qui Jun 18, 2020 3:39 pm

a filha do lobo


Quando Brandish nasceu, em 2446, Berseker cedeu, pela terceira vez em seus 359 anos, aos encantos do amor. Ter uma criatura vinda de si, uma filhote de gente, era inimaginável... Mas, ter a mesma honra duas vezes, como tivera com Jasmine e agora a crianças, parecia uma dádiva de Animal. O homem e a fera tinham conseguido novamente, depois de muito tempo, alguma ação positiva naquela existência catastrófica. Se embriagavam até pela menor respiração da pequena de cabelos vermelhos e pele de gardênia. Ambos embevecidos com aquela vida frágil, arrebatados pelo peso de protegê-la.

Brandon, que não amava ninguém além da primogênita desde a morte de Alice, também cedeu seu coração. Amolecido e embasbacado pela nova companhia, permitia até mesmo que seu lobo espreitasse na superfície da pele, compartilhando com ele a beleza da prole. Dava-se ao luxo de manter-se no corpo de fera dentro de casa, tanto para acostumar sua menina com a verdade de seu ser quanto para deixar que Bers a tivesse também. Parecia finalmente estável, longe daquele passado selvagem, arredio e sangrento. Estava racional, lúcido. Muito próximo de sua versão juvenil e alegre.

Berseker e Brandon tinham finalmente a família quase utópica: duas meninas lindas, uma mãe zelosa e um pai presente. Mentiria se dissesse amar Julie, a mãe de Brandish, claro... Mas amava o que ela havia lhe proporcionado, então deixava-a próxima de si. Apreciava-a como esposa, ainda que o casal soubesse que seria apenas isso - pois Julie seria sua esposa, mas nunca sua companheira ou companheira de Berseker. Estavam felizes e bastava. Era uma versão boa da vida que poderia aceitar por muito tempo. Uma realidade que foi sua quase o suficiente para fazer-se acreditar... Até sua princesa começar a crescer e as paranoias de um homem que já foi viúvo, que já viu um amor ser assassinado, ascenderem ao peito do lican.

O que dizer? Seu lobo ficava alucinado quando saiam para a caça. Na época ainda era soldado, o que significava subordinação ao capitão e ao tenente das Azaleias, então sempre que era obrigado a fazer seu trabalho, abandonando as fronteiras de Haafingar e se embrenhando pelas terras de Samsara, enlouquecia pelo medo de algo acontecer com a mais nova. A primeira progênie tinha idade o bastante para saber se cuidar. Aliás, o moreno já a vira em ação por vezes o bastante para que não tivesse dúvidas quanto sua capacidade. Brandi, por outro lado, era pequenina e indefesa, ainda cheirando à leite e fraldas. Podia ser ferida, sequestrada ou morta em retalhações estúpidas direcionadas ao progenitor com seu passado obscuro.

E foi assim que, entre momentos de loucura e pânico, Bran começou a levar sua menina consigo quando ela tinha apenas oito anos. Ocultava-a com o auxílio dos espíritos e fazia da função das Azaleias apenas algumas aventuras de escoteiro para uma criança de mente fértil. Escoltava-a pelo primeiro quilômetro com a tropa e, logo em sequência, abandonava o grupo para que pudessem passear apenas os dois, evitando a necessidade do uso de sua magia por tanto tempo. Com ela, fazia-se lobo. Uma montaria satisfatória para uma menina que não pesava quase nada, com dentes fortes o bastante para arrancar a cabeça do primeiro que se aproximasse demais. Assim, meio como brincadeira, foi que começou a ensina-la sobre os terrenos de Samsara, o reino de Haafingar, os espíritos e tudo o que eles lhe contaram sobre Animal.

Tornava-a uma miniatura de si, uma obstinada adoradora de suas ideias. Mostrava para a pequena até como fazia para ferir... Como matava e destroçava suas presas. Um pai pouco ideal, mas que colocava a vida de suas crianças acima de tudo. Um pai que em verdade era dois, permitindo que o irmão lobo também decidisse pelo melhor para a criança, que conversasse com ela através de sua boca e que a mantivesse segura pelo corpo da Fera. Consideravam-na tão perfeita, tão mais pura do que ambos, que não puderam perceber em que momento exatamente as alucinações começaram. Talvez tivesse sido nas brincadeiras em que ela dizia que uma poça de lama era um monstro e fazia o pai corajosamente rolar na água suja, talvez tivesse sido quando inventou que a casa deles era toda colorida e que as flores falavam consigo.

Fosse como fosse, certamente começaram de algum lugar, muito mais pacíficas e imperceptíveis do que seus ocasionais surtos. Bastante mais discreta do que quando, aos quinze, estalou os dedos até que Julie rompesse o teto da casa, enorme como uma titã. Era meio da noite e, depois de um pequeno cochilo, Brandi acordou como se estivesse tendo um pesadelo. Tinha as roupas encharcadas de suor, com as bochechas muito coradas e o olhar perdido. Estava no sofá da sala, completamente sozinha, e quando gritou a mãe foi a primeira a entrar no cômodo, buscando pelo motivo do alvoroço. Um erro, claro! Todos já tinham percebido, àquela altura, que a ruivinha não era de temperamento fácil e que, vez ou outra, perdia-se em um mundo só seu. Brandon foi o segundo a chegar e agradeceu aos deuses por Jas não estar em casa.

— Ei... Vamos com calma, Brandi... — Parecia tão calmo enquanto sua mulher era forçada a destruir o imóvel que Julie o olhava completamente apavorada e descrente, certa de que era uma brincadeira de ambos. Se ela soubesse o quanto Bran estava apavorado naquele instante, talvez tivesse rido da situação. O homem apenas usava o mesmo tom que outros usavam consigo quando estava prestes a perder o controle para sua fera. — Sei que a mamãe não é fácil, mas é a única que temos! — Continuou da mesma maneira despreocupada, a face limpa de julgamentos ou de qualquer coisa que pudesse intensificar a confusão. Aos poucos se aproximava da filha, evitando como podia os escombros da casa e estendendo uma das mãos para ela.

— E se a gente fizer ela voltar ao normal e conversássemos em... Bom, algum outro sofá que não esteja destruído? — Brandi ainda parecia perdida, ainda que o aumento da progenitora tivesse desacelerado ao ponto de parecer quase parar. Julie era da altura de uma muralha e evitava se mover para não pisar em ninguém. — Ou podemos sair! Só eu e você. Eu vou enfrentar as poças de lama e você pode andar em mim como quando era menor. Não parece bom? Faz alguns meses que não caçamos juntos. — Sentiu o erro antes de percebê-lo de fato, os espíritos se agitando em uma bagunça de sons ao redor de si, tão desconexos que era impossível entender alguma coisa.

— Não tá vendo? É ela! Ela vai destruir a nossa casa! Você precisa caça-la! — O jeito como Brandi falava deixava claro que não tinha ciência de que era a causadora do tamanho. Via a maior como uma criatura destruidora, não como mãe, e parecia tão genuinamente apavorada que Berseker se moveu em seu interior, buscando quem precisaria matar para acalmar sua criança. Aproximou-se mais, alcançando a ruiva de modo que pudesse toma-la em seus braços, apertando-a contra si e permitindo que seu toque acalmasse o monstro que Bran tentava inutilmente empurrar para o fundo. Mesmo enquanto ela arranhava suas costas e se debatia em busca de liberdade, manteve-se firme. Por fim, fechou os olhos apertado, parecendo sofrer com a confusão da pequena, temendo perdê-la para a loucura.

— Brandi... Eu preciso que você me escute com atenção, tudo bem? Eu não faria isso se não fosse necessário, juro que não, e quando você estiver melhor você vai entender que foi para o seu bem. — Segredou-lhe em um sussurro magoado. Bers se negava veementemente à decisão, tentando lembrar ao moreno de que tinham prometido, desde o nascimento de Jasmine, nunca usar a voz de comando em alguém que tinha seu sangue. Naquele momento, claro, não tinham muitas opções. — Faça com que Julie volte ao normal. Deixe-a em paz. — Cada palavra, mesmo o timbre, era embargada de um poder intenso. Subjugava sua menina ao ponto de tirar-lhe a própria vontade, assistindo enquanto seus olhos perdiam o brilho e sua face suavizava-se com o vazio. Com um estalo de dedos a mãe já voltava muito rapidamente ao tamanho original.

— Ela enlouqueceu. Você viu? Ela é louca! — Julie não só gritava. Ela gesticulava com os olhos completamente estatelados, o medo e a raiva muito claros no olhar. — Precisamos mandar alguém purificar essa menina! É a Fera, não é? Ela passou de você pra ela, como um vírus. Ela vai matar como você matava. — Julie andava de um lado para o outro, sequer dirigindo-se diretamente para o Onawa. Ainda assim, parou ao sentir entre o silêncio a raiva que se aquecia no maior. Ele ainda estava de costas, com a filha inerte contra si, mas começava a perder o controle... E não era com sua menina. Toda a situação parecia colaborar para o desastre iminente.

"Ela está falando de Brandish. Vai mandá-la para longe." Quando Berseker alcançou novamente a superfície, foi apenas para dar voz aos pensamentos que o próprio homem já maquinava. Assim, quando se voltou para a esposa, já tinha uma decisão na ponta da língua. — Não é culpa dela. Você nunca soube lidar com elas, com nenhuma das duas. Acha que ser mãe é só cobrir de noite e beijar dodóis! Elas são mais do que meninas desamparadas. Não vai mandá-la pra lugar nenhum. — A raiva era tão tangível, tão óbvia, que fazia-o tremer ligeiramente. O corpo completamente arrepiado demonstrava que seus instintos animais já a tinham classificado como um perigo.

— Tem razão... Não foi ela... — Julie estava ferida. Não fisicamente, mas emocionalmente ferida por ver em seu esposo uma figura de tanto desprezo por si. Em sua mente, a única coisa imediatamente evidente era que ele não se importaria caso ela tivesse morrido nas mãos de Brandish. Era tão insano quanto ela. Definitivamente, queria machuca-lo. — Foi você. Você que a levou pra fora da muralha! Ela me contou que viu você matar monstros e fazer sabe-se lá o que! Ela me disse até que tinha outra mãe! Foi você que a enlouqueceu. Colocou na cabeça de uma criança a podridão que tem na sua.— Tinha dito muito... Mas sabia que não seria o suficiente. Só havia uma coisa que Bran apreciava mais do que a própria vida. — Eu vou embora. E vou levar ela comigo. Nunca mais vai colocar seus absurdos na cabeça dela.

E, por fim, Brandon explodiu. Incapaz de manter a própria sanidade, sentiu o exato momento em que a adrenalina correu por suas veias. Sentiu os olhos tomando emprestados o vermelho do lobo, parecendo ter transformado apenas as íris para as do lican. Quando falou, porém, Julie soube que tinha perdido. — Vai sair, agora. Vai encontrar com quem morar e nunca vai dizer que já teve uma filha. Vai embora sozinha. Se não o fizer, vou arrancar essa sua cabeça horrenda dos ombros e comê-la na frente de quem quer que queira assistir. — Não era pelo comando que tinha nas palavras, pela obviedade do poder de um alfa, mas pelo tom que usava e a ferocidade que deixava rouco o timbre geralmente suave. Ela sabia que estava não só em desvantagem, mas completamente rendida: agora não falava mais com Bran e sim com Berseker.

Diferente do homem, o lobo nunca lhe tivera nenhum apreço. Suas únicas paixões eram Alice, Brandish e Jasmine. Infelizmente, Julie havia ameaçado uma delas de maneira impensada, buscando apenas ferir aquele que a tinha magoado. Sentia a pressão que eles, a fera e o marido, exerciam sobre si. Sentia o terror que tomava seu cerne e que emanava ao ambiente. O irmão lobo, agora no comando, riu ao sentir o cheiro disso. Um riso gutural e selvagem, satisfeito por amedrontar alguém. Para ele, era apenas mais uma caçada. Diminuiu-se em presença, encolhendo-se enquanto começava a balbuciar uma resposta apesar da ordem, teimosamente decidida em reverter o que causara.

No instante seguinte, porém, assim que as primeiras palavras atravessavam os lábios, viu o emaranhado de pelos brancos saltar em sua direção. Sob a pele do monstro, Bran era enorme. Tinha a altura de tigre bengala e um olhar intenso e vermelho. Julie sabia que nenhuma das faces do marido eram de ameaças vazias... Então quando a retalhação chegou, não foi realmente uma surpresa. Desvairado, completamente enlouquecido em seu ódio, Berseker mordera-lhe a perna como aviso. Os caninos grossos e longos o bastante para rasgarem a carne sem dificuldade, mas a força medida para que o fizessem apenas superficialmente, de modo que não a impedisse de sair mancando da casa que o lobo reivindicava para si.

Julie, que tinha como individualidade apenas a cura, tendo sido por muitos anos médica na legião, deixou que a magia fizesse o trabalho enquanto partia sem levar sequer uma blusa a mais do que tinha no corpo. Naquela noite, Brandon demorou para recuperar controle suficiente para voltar à forma humana, vagando impaciente pela casa. Colocou uma Brandish completamente inerte, perdida na loucura da própria mente, para dormir em um colchonete de viagem, limpou o sangue que derramaram na sala e manteve-se acordado até a manhã seguinte. Na mesma semana, mudaram de casa, rua, bairro e distrito. Não contou, para nenhuma das filhas, os acontecimentos conturbados. Limitou-se à meia verdade de que tinham brigado feio e, infelizmente, seguiriam caminhos bem diferentes. Não soube explicar sobre o teto... E no fundo acreditava que Jasmine sabia o que significava.
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Mensagem por Asura Seg Jun 22, 2020 3:19 am

Hei, Brandon. Como você está? Espero que bem! Então, antes de mais nada, peço desculpas pelo tempo de espera, sei muito bem como é chatinho aguardar por uma avaliação, a ansiedade pode se fazer presente.  

Vamos lá?
 

No geral, eu posso dizer que seu texto por inteiro, conseguiu me agradar. Soube de fato interpretar o tipo de personagem que elaborou — e está elaborando —, mas fico me perguntando, por que todos os parágrafos contém quase que a mesma quantidade de linhas? O que não é errado, mas fiquei com o pé atrás da orelha quanto a isso.  

Uma coisa em específica que eu sempre costumo colocar bastante peso, é o quão leve, ou pesado, o texto se encontra para o leitor. Afinal, ninguém gosta de ler algo maçante, não é? O seu, por inteiro, mostra-se coerente e sutil. Todavia, pude encontrar alguns erros bestas, que infelizmente, passam despercebidos por nós. Utilizar o traço (-), no lugar do travessão (—), por exemplo; ou o uso indevido da crase ''ainda cheirando à leite e fraldas''. Nada que uma breve releitura em textos futuros, não resolva.  

Por fim, tem uma coisa que me incomodou bastante: o nível da sua DiY. Como foi citado por você no pedido de avaliação, a dificuldade seria ''normal''. Mas em nenhum momento, seu personagem, ou terceiros, apresentaram tal dificuldade. Nem mesmo a mãe de Brandish no tamanho de um titã, implicou algum tipo de problema significante para você. Por isso, irei levar em consideração na hora de distribuir os pontos de experiência, a dificuldade encontrada: fácil.   

Mesmo sendo uma DiY, onde você pode ou não, encaixar trechos de combate (onde ficaria muito mais fácil aplicar a dificuldade), você poderia ter apresentado um pouco mais de dificuldade na hora de utilizar seus poderes, por exemplo. Principalmente pelo simples fato de nenhuma quimera os dominar totalmente. Lembre-se disso em suas próximas DiYs, ou apresente, de fato, algo que ofereça desafios para seu personagem enfrentar, ou reduza a dificuldade.

Mas em suma, está de parabéns pelo ótimo trabalho.



Ortografia: 250
Gramática: 150
Dificuldade:
Cenário: 50
Enredo: 250

Total: 700 de XP
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96

25/03/2019

Asura

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