Em meus sonhos, via um campo verde. A imensidão do mar de grama me envolvia, abraçava-me como uma velha amiga, beijava minha pele e subia por meu corpo até meu pescoço. Flores desabrochavam, e o céu era tingido por um azul esbelto e esplendoroso. Mas então, o verde dava lugar ao cinza. O fogo consumia a terra, o Verde era afogado em cinzas e de repente eu me via sendo mergulhado naquele mar de ossos. E então, eu despertava, suado e com vinhas cheias de espinhos ao meu redor. Outro pesadelo.

O Verde fala comigo. Eu devo ser o único que reconhece e abraça completamente a Natureza, sendo o verdadeiro Pai e amante dela. Segredos são revelados, nada fica escondido por muito tempo e eu sei que a natureza sempre vence. Mas, não posso dar as costas para o reino, mesmo com o pouco caso que era feito com relação aos cuidados com o meio-ambiente. Como coronel da tropa expedicionária, eu tinha uma missão nova, porém detestável: tentar convencer a maior quantidade possível de jovens herdeiros a se unir às forças expedicionárias. Em teoria, isso criaria nos príncipes e nobres o desejo de serem bons líderes, aprendendo sobre o mundo lá fora e valorizando o que havia sido construído dentro das muralhas de Weingarten. Ironicamente, eu valorizava o mundo lá fora bem mais do que essa porra de cidade.

No palácio dos Gottschalk, adentrei o recinto em busca do jovem Osíris. Deveria me encontrar com o jovem, convencê-lo a se unir à tropa expedicionária. Fui recepcionado por uma adorável aia, a qual cumprimentei e então fui para os jardins, pedindo que ela chamasse o jovem Osíris. Claro que eu não havia agendado uma visita, mas a Natureza não precisa de agendamentos. E então, estendi meus braços enquanto vinhas saíam de meus braços, conectando-se ao solo do jardim, brotando grama na terra fértil, porém levemente descuidada. E quando minha visita chegou, sorri, desfazendo o vínculo entre minha vinha e o solo, fazendo-a voltar para dentro de meu braço, que ia do verde para o roseado normal.

— Olá, querido Osíris. Tenho uma proposta para você… — sorrio, batendo a palma da mão no banco branco, chamando-o.