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I remember you

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Mensagem por Niklaus Hellavich Ter Jun 11, 2019 9:32 pm

I remember you
A passagem a seguir é FECHADA AOS ENVOLVIDOS. Os envolvidos são Niklaus e Hagen. No centro comercial de Kaleo, por volta das 17:50 da tarde. O conteúdo que o texto aborda é LIVRE.

Em meio a uma de suas viagens até o centro de Kaleo para fazer uma entrega, Nik reencontra um homem que ele jurava que nunca mais veria: Hagen, que nas memórias do vampiro é apenas uma figura misteriosa que o libertou da morte certa.

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09/06/2019

Niklaus Hellavich

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Mensagem por Niklaus Hellavich Qui Jun 13, 2019 6:49 pm

blood rain
Carne queimada. O cheiro era pútrido, impregnava minhas narinas, enquanto minha visão ficava turva. Nunca havia imaginado que o sol pudesse me ferir tanto, que eu pudesse sentir aquilo. Agonia pura me afligia nesse momento, sentia meu corpo atrofiar enquanto manchas vermelhas surgiam, bolhas se formavam enquanto me sentia tonto, sendo arrastado como uma mera boneca de pano. Ouvia os gritos, acusações e xingamentos, mas não conseguia reagir, pois acima de mim o sol brilhava, quente e escaldante. Eu iria morrer. Tentava enxergar, mas meus olhos sequer se abriam enquanto eu em vão tentava me ver livre deles, mas as cordas eram resistentes.

À minha volta havia algo no chão, talvez fosse feno ou folhas, não sabia precisar devido a minha visão debilitada, mas era fofo e o fogo se espalhava facilmente. Meu corpo estava amarrado a um tronco, duro e comprido, bem fortificado e preso ao chão, mesmo minha força sobre-humana era incapaz de demovê-lo do lugar – e o sol e as chamas que se alastravam não me permitiam tal coisa. Tentei falar qualquer coisa, gritar ou pedir por clemência, mas nem me dei ao trabalho, pois eu era mudo e mesmo fazendo esforço para emitir sons eram anulados. Era uma maldição, diziam meus gentis amigos que me estenderam a mão quando despertei sem memórias anos atrás.

As chamas subiam, o cheiro era horrível e cinzas se assomavam em minha pele enquanto começavam a alcançar meus pés. Diziam que no momento de nossa morte o nosso corpo simplesmente se desliga e não sentimos a mínima dor. Quem quer que tivesse falado isso era um filho da puta mentiroso. Meus pulsos doíam, o calor parecia me derreter vivo e meus pés estavam avermelhados, com bolhas que estouravam constantemente e até mesmo alguns ossos eu podia ver através da carne sangrenta que descolava da casca que eu era no momento.

Mas nem tudo foi trevas. Minha mente apagou, indo e voltando, até que eu definitivamente acordei com o fogo apagado. O sol queimava, mas pelo menos eu não estava sendo queimado vivo pelas chamas. Pessoas se espalhavam caídas, não sabia precisar se elas estavam vivas ou mortas, entretanto aproveitei aquela oportunidade com todas as minhas forças. Consegui me desprender das cordas, saltei sobre o amontoado de feno queimado e ainda esfumaçando, caindo próximo de um homem caído e, puxando-o por sua camisa úmida de sangue – meu! – cravei minhas presas em sua garganta, sorvendo apenas o suficiente para me recuperar e conseguir fugir.

Explicar como funciona a minha dieta sanguínea era algo complicado. Mas era como sorver a própria vida para meu interior. Nesse momento, meu corpo era como uma casca vazia, um deserto, sendo lentamente preenchido por água. Uma floresta crescia em mim, da morte surgia a vida, do vazio sem estrelas que era meu interior, agora havia a expansão cósmica da própria essência vital do universo. O sol não mais me preocupava tanto à medida que eu ia ficando cada vez mais forte e poderoso. Larguei o homem desacordado ao chão, estreitando os olhos e vendo uma silhueta ao longe – minha visão prejudicada pelo calor não me permitia ver muita coisa no momento –, lutando contra os moradores para me deixar vivo. Corri na direção de uma casa, saltando sobre um homem de joelhos e usando-o como um impulso. O mundo ficou mais baixo enquanto eu subia ao alto, a gravidade me puxando para baixo enquanto eu aterrissava no teto da mesma casa e começava a correr, mais rápido do que os olhos humanos podiam acompanhar.

***

Muito tempo havia se passado, mas eu continuava pensando no meu salvador. Assim como a mulher de minha antiga vida, Agathe, cujo nome era a única informação que tinha acerca dela, aquele homem responsável pela minha salvação era uma incógnita. Enquanto desenhava seu rosto, perguntava-me se não era apenas uma ilusão – uma memória de uma outra vida sobreposta a um novo trauma. Entretanto, parecia que eu nunca veria novamente aquelas figuras ocultas: era como se eu estivesse fadado ao esquecimento.

Em meio a uma de minhas andanças pelo centro de Kaleo, encontrei alguns frutos que me alegravam e muito. Como eu havia convivido com excelentes cozinheiros, acabei aprendendo a como me virar sozinho numa cozinha. Além do mais, sempre me divertia aprontando na cozinha para meu chefe, Ryan DiMarco. Como eu vivia por ali, seja para fazer compras para mim ou fazendo entregas a mando de meu patrão, todos já sabiam que eu era mudo e eu não precisava me expressar por meio da linguagem de sinais que eu mesmo criara, ou usar meu caderno de anotações para que eu fosse “ouvido”.

— Olá, meu jovem, boa tarde. O que vai querer hoje? — Hugh, um senhor de fios cinzas e sempre sorridente, me dirigiu um grande aperto de mão e então assenti para ele, confirmando seu cumprimento. Apontei para alguns legumes, e então entreguei as moedas de ouro e o papel com as quantias exatas. Ele pegou a folha, assentindo positivamente e então dando um peteleco no papel, sorrindo. — Certo, já volto com tudo bem empacotado para o senhor, pode ser?

Fiz que sim com a cabeça, suspirando e saindo de dentro da loja para respirar um pouco de ar puro, e foi então que notei uma figura proeminente entre a população da feira. Ele era alto, bem apessoado, se diferia pelas suas vestimentas e tinha olhos sérios, uma expressão sóbria e parecia não ter me visto ainda. Não pude evitar ficar boquiaberto, rindo e então correndo em velocidade acima do comum até o homem. Pus minhas mãos em seus ombros, olhando-o de cima a baixo. Eu havia encontrado o meu salvador misterioso, ele havia me libertado e eu agora achei ele. Se eu consegui encontrar ele, poderia encontrar Agathe. Tinha um nome e um rosto, não deveria ser assim tão difícil.

“Ainda há esperança para mim”, pensei comigo mesmo, e então tateei meu bolso buscando meu caderno, encontrando-o e começando a anotar com certa pressa, porém priorizando uma caligrafia compreensível. Estendi a folha com os dizeres: “Você me salvou da fogueira anos atrás. Obrigado. Sou Niklaus, e você, quem é? Por que me salvou?”

Não sabia qual seria a sua reação, mas eu devia um agradecimento.
#1 post for @Hagen Gottschalk
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