A vida como um soldado não era feliz. Primeiramente, éramos recrutados devido aos nossos poderes, sendo vistos e tidos como armas, escolhidas a dedo pelo general – na minha época, era o pai da atual, general Amren Renard – e que não podiam dizer “não”. Graças aos meus poderes de metamorfose, havia sido escolhido inicialmente para integrar a guarda civil, já que eu podia copiar a aparência de qualquer pessoa, mas isso acabou sendo postergado, pois o capitão da tropa expedicionária acabou me recrutando e comentando sobre ser melhor eu estar com eles.

Isso havia moldado a minha forma de enxergar Weingarten; do lado de fora, quase que como um estranho, já que eu passava mais tempo fora da muralha do que dentro dela. Talvez, se eu convivesse em meio as pessoas, vendo suas dores e como era a vida em cada distrito, eu fosse um homem diferente. Independentemente disso, eu tentava seguir em frente, vivendo cada dia por vez, com paciência – apesar de me revirar em meu interior, esperando por algo que eu sabia que viria, que mudaria toda a minha forma de ver esse mundo.

Meu primo Christopher era mais um dos meus primos que faziam parte da tropa expedicionária. Como sempre, a aventura parecia percorrer por dentro das nossas veias, nos obrigando a viver as nossas melhores versões de nós mesmos. Indo até o refeitório, encontrei-o sentado a uma mesa e, saltando sobre a mesma, sentei-me com minhas unhas passando pelo rosto do ruivo, provocando-o e chamando a sua atenção.

— Você é incrível quando come, sabia? Suas bochechas parecem as de um hamster. — Provoquei-o, deitado e apoiando o peso do corpo no cotovelo esquerdo, enquanto com o braço direito estendia-o para alcançar o rosto do ruivo. Costumava ser bastante provocativo durante a minha adolescência, atiçando todos os meus primos e amigos ao meu redor. Já que cresci no exército, aprendi a como me divertir nos meus próprios termos.

Não tinha muita intimidade com Christopher, porém eu tentava ao máximo ser mais próximo dele, assim como de Uriel. Claro, eles não seriam como Kitan, mas poderiam chegar bem próximos disso.

— Ouvi boatos de que você foi a uma missão enfrentar monstros para salvar um casal de nobres fugitivos. Desde quando os expedicionários são cães de guarda? — questionei-o acerca de uma missão sua que havia sido, no mínimo, engraçada; ele tivera de salvar um nobre casal apaixonado.