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[DIY] first of all I'm a father

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Mensagem por Alistair Renard Qua Jun 12, 2019 12:20 am

first of all I'm a father
A DIY se passa em El Diablo, num clube de prostituição, assim como numa mansão em Vlitra em paralelo, por volta das 21 da noite às 03 da manhã. O conteúdo que o texto aborda é SOMENTE PARA MAIORES.

Alistair trabalha como prostituto em um clube, cuja dona pede para que ele use suas habilidades de espionagem para extrair informações de um homem perigoso que é dono de uma rede de tráfico infantil. É então que a fé de Alistair é colocada a prova.

Alistair Renard
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39

14/04/2019

Alistair Renard

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Mensagem por Alistair Renard Qua Jun 12, 2019 12:22 am




Meus primeiros dias nas ruas mais pobres de El Diablo haviam sido ruins. Mas, como sempre dizia mamãe; há males que vem para o bem. Eu havia me fortificado como um bom lutador, aprendido a como esquivar de golpes supostamente certeiros e a como trapacear. Sim, eu não gostava disso, mas se havia algo que Le Ange não ensinava ou contava era que os bandidos das ruas são capazes de tudo – o que incluía coisas nada honradas, como jogar areia no rosto, meter dedo no olho e ter armas extras escondidas. Mas, agora nas ruas, eu havia aprendido a como lutar direito, a como sobreviver nas ruas e como me virar com os meios que eu tinha.

Quando me julgavam nobre demais para trabalhar, me prostituí, pois era atraente demais e muitos tinham curiosidade sobre como era foder um Renard. Quando me julgaram como lindo demais e muito inofensivo, decidi me tornar um espião, começando do zero, colhendo informações e vendendo-as para diversas gangues. Aos poucos, quando eu me tornei valioso demais e muito bom em conseguir as coisas, fui convidado por alguns a me tornar um pirata. Não matava, apenas roubava dos nobres que tinham demais e então dava aos pobres, ficando com muito pouco dos meus lucros ou quase nada. No fim das contas, acho que eu ainda mantinha em mim um pouco do meu sangue nobre e heroico.

Naquela noite, despertei ainda um pouco zonzo, recebendo os olhares inquisitivos de Marte e Júpiter. Como sempre, eles eram bastante curiosos e inquietos, dormindo principalmente durante o dia como uma forma de não atraírem outros para o pequeno quarto que servia de casa para mim. Tive de treiná-los, claro, passando noites inteiras com eles e buscando alinhar seu sono com o meu, mas no fim havia conseguido. Acariciei o topo áspero de suas cabeças, cujos chifres começavam a crescer. Eles já estavam começando a crescer numa velocidade anormal, ficando cada vez maiores a cada ano. Agora, eles tinham o tamanho de um pequeno pônei e cinco anos se passaram desde que eles foram chocados no fogo e no gelo daquela ilha no Chile.

Precisava sair e deixa-los sozinhos. Geralmente eles comiam e ficavam quietos, não fazendo muito barulho ou bagunça, justamente porque eu havia treinado eles para me obedecerem – se bem que eu desconfiava disso, pois eu nem precisava me esforçar muito, pequenos comandos, alguns não verbais inclusos, eram obedecidos à letra pelos meus filhos. Será que as lendas lidas pelos piratas no vulcão estavam certas? Será que realmente eu era o Rei Dragão, Homem Dragão ou seja lá qual fosse o título que os domadores de dragões recebiam no passado? Bem, não importava, Marte e Júpiter eram meus filhos agora e ninguém poderia retirar isso.

Despedindo-me deles, deixei uma quantia absurda de carne para eles e fui para o meu trabalho. Não sabia como conseguiria alimentá-los, mas se fosse possível eu passaria fome para deixa-los saudáveis e fortes. Sendo assim, parti pelas ruas enlameadas e sem saneamento básico de El Diablo, rumo ao meu trabalho.

***

O Clube da Senhorita Frost para Moças e Rapazes era um lugar chique, apesar de ser concentrado num distrito pobre. Boatos rolavam de que ela tinha mais bases de seu clube em Calipso e Kaleo. Verdade ou não, ela tinha um nível de influência gigantesco e, apesar de ser uma mulher pouco confiável e bastante ambígua, gostava dela, pois independentemente de seus planos ela nunca esquecia das suas raízes e priorizava os mais necessitados. Em suma; ela era boa, lá no fundo. A Srtª Frost foi a primeira a me estender a mão, contratando-me para prestar os meus serviços carnais para homens e mulheres dispostos a pagar. Como um ex-nobre, fiz sucesso e logo era um dos mais procurados.

— Tenho uma tarefa para você, querido — a voz plácida da mulher denotava um conjunto de malícia e propósitos vis. Ela estava sentada em uma confortável poltrona em seu escritório, localizado no terceiro andar de seu clube. — Um homem virá para cá, Johan Shaw. Ele é um proeminente membro da realeza e mora por lá. Boatos de que ele possui com alguns piratas imundos uma rede secreta de pedofilia. Quero que o seduza, descubra o máximo que puder e use suas conexões com os piratas para salvar essas crianças. Não sou muito de fazer favores, mas ora bolas, são apenas jovens inocentes e indefesos! Precisamos fazer alguma coisa.

Ela parecia interessada no assunto, comovida por ele como eu estava neste exato instante, mas havia algo mais ali. Se havia algo que Frost me ensinara, era a sempre desconfiar das pessoas, pois algumas tinham sempre um plano reserva. No caso da loira, até seus planos tinham planos. Era quase óbvio como o fato da água molhar que ela tinha seus propósitos obscuros com aquilo. Ela sempre tirava vantagem das coisas. Suspirei, assentindo e fazendo o meu papel de soldado obediente. Não poderia desapontar minha chefe, portanto logo saí e tratei de me trocar; tinha um bandido para capturar.

***

Se você nunca visitou o Clube Frost, provavelmente deve ser virgem, pois até os nobres e os militares comportados de Le Ange se viam seduzidos pela fama do estabelecimento. As mulheres mais curvilíneas podiam ser encontradas aqui, os homens mais viris também, tudo o que você procura pode ser encontrado com extrema facilidade neste lugar, onde todos os seus desejos viram realidade. Em meio ao aglomerado de indivíduos, procurei pelo homem do retrato desenhado por Frost. Olhos púrpura, fios negros, calvos e ralos, pose imponente e quase sempre trajado em violeta, para combinar com as íris, com uma voz cheia de nuances delicadas e fala articulada. Ele era considerado um homem de grande reputação, um comerciante adorado que ascendeu e se tornou parte da nata que formava Calipso. Pelo visto ele tinha inúmeros méritos, mas como seria quando ele fosse exposto?

Caminhando com a desconfortável calça de látex apertando minha bunda e amassando meus testículos, abotoei minha camisa negra e me dirigi ao homem assim que o encontrei, pondo meus olhos no belo espécime e desejando poder mata-lo ali mesmo. Ele jogava pôquer com amigos e tive de espera-lo terminar. Geralmente as pessoas enlouquecem no meio desses jogos e se tornam irritáveis, sendo difícil conversar. Aproveitei para observá-lo nesse meio tempo, sentado no bar e dando goladas no uísque barato que serviam aos funcionários. Shaw era confiante, tinha essa aura magnética e convencia a todos com sua bela voz, o que me fez pensar que ele provavelmente tinha algum dom relacionado a isso. Mas não, tudo fazia parte do pacote que formava o príncipe charmoso que era Shaw.

Cinco copos depois, ele estava livre e sozinho – pelo menos por enquanto, vide que seu charme magnético provavelmente atrairia seus amigos novamente para si. Ele era daquele tipo de homem que dificilmente ficava sozinho sem os seus vassalos. Encaminhei em sua direção com a mesma confiança que ele, mas respeitando aqueles olhos púrpura – ele gostava de submissão, de que o olhassem com admiração e desejo –, sorrindo para ele sem esboçar medo. Ele gostava de uma pegada selvagem. Sem pedir, sentei-me no braço de seu sofá vermelho e fofo. Recebi um olhar por cima dos ombros, fazendo-me sorrir graciosa e sutilmente.

— Podemos ficar a sós e conversar? — fui direto ao ponto. Não gostava muito de jogar, tanto no trabalho de prostituto quanto fora daqui, costumava ser bastante franco sobre minhas intenções. Mesmo atuando, precisava transparecer o máximo o possível sobre quem eu era de verdade, mas sem revelar o básico: que eu o investigava e tramava contra ele.

— Claro. — Ele me olhou de cima a baixo, interessado. Sorte a minha que ele gostava de homens. Tomei a frente, subindo as escadas e sentindo o seu olhar fixo em meu corpo. Não posso dizer que não gostava de ser admirado, mas tal admiração vindo de um molestador de crianças me enojava. Eu estava exigindo um autocontrole absurdo de mim mesmo, ou já teria usado uma garrafa como arma e teria cortado sua garganta. Mas não podia ceder aos instintos; precisava salvar as crianças presas primeiro.

***

A tintura vermelha da parede combinava com os lençóis de seda da cama, assim como a cobertura do abajur, feita de renda. A bebida borbulhava, ainda gélida, enquanto eu a observava, a minha taça cheia e a de Shaw, vazia. Ele jazia deitado na cama, de pernas e braços abertos, quase inconsciente. Ele vagava entre dormir e ficar acordado, podia ver seus olhos girando nas órbitas e ele dormiria a qualquer momento. Rapidamente pus-me sentado em cima dele, com as mãos em seu peito peludo, apoiei-me e desferi um tapa, deixando a bochecha dele vermelha.

— Acorda, verme, onde estão as crianças? — ordenei, segurando seu maxilar com força.

— Quê? Não sei do que está falando e... espera, sei sim, é o meu clube secreto para apreciadores de... — interrompi-o com um soco no seu nariz. Sangue descia em filetes pelos dois buracos. Com o punho erguido, ele tossiu e riu. — Fica em Vlitra, numa casa aparentemente abandonada por fora, mas por dentro está tudo bem reformado e arrumado, é bem chique. O papel de parede é azul, mas queria que fosse vermelho, com quem a Srtª Frost conseguiu esse belo tom de vermelho-sangue?

— Não tenho tempo para baboseiras, me dê o número, nome da rua, tudo! — O efeito das drogas na bebida não durariam muito, então precisava extrair tudo antes que ele adormecesse.

— A rua não tem nome, o número é 250, já enferrujado pelo tempo. A terra está em meu nome, comprei-a com o meu dinheiro. Sabe o quão difícil foi fundar meu próprio negócio? Agora sou o homem mais rico de Kaleo e tenho direito de viver em Calipso! — gabando-se, ele pôs uma mão em meu traseiro e, rolando os olhos, alcancei com a mão direita o travesseiro, puxando uma faca e cravando-a em seu peito.

Não era assim tão difícil matar. Não gostava de assassinato, mas em determinados momentos e com determinadas pessoas, era necessário. Nesse caso, escolhi mata-lo, mas poderia muito bem deixa-lo vivo – mas isso significava um muito grande risco para todos. Sentia o seu interior, a lâmina como uma extensão de meus dedos, podia captar como eram seus órgãos, os quais encostava com a ponta e, ao encontrar seu coração, espetei-o impiedosamente.

— Adeus, Shaw.

Atento, ouvi um som de passos apressados vindo. As paredes eram abafadas, de forma que mesmo que eu usasse uma arma, ninguém ouviria. Como poderiam estar vindo atrás de Shaw? Pararam na frente da porta, pelo som e ritmo dos passos, deveriam ser no mínimo quatro pessoas. Chutes insistentes começaram a comprometer a porta, rachando-a e, assim que ouvi o ruído do destravar de arma, inclinei-me sobre o corpo de Shaw e segurei-o, jogando-me à minha esquerda, rolando na cama e usando-o como um colete à prova de balas. Os disparos foram diretos contra mim, acertando o corpo do homem entre nós.

Caí da cama no chão frio de madeira, as balas ricocheteando por todas as partes enquanto eu caçava qualquer coisa que eu pudesse usar como arma. Lembrei-me das armas debaixo da cama, amarradas com fitas nas vigas de madeira. Arrastei-me e alcancei uma, destravando-a e, esgueirando-me apressadamente e já suando pelo esforço, arrastei-me para debaixo da cama e mirei nos pés de meus oponentes, atirando no primeiro. Ele ou ela caiu de joelhos, o que me deu a chance de acertar seu estômago. O terno bege foi tingido de sangue rubro.

O segundo e o terceiro continuaram atirando, agora um deles agachou-se e, fechando um olho, mirei e, assim que ele deu as caras para me procurar debaixo da cama, acertei seu olho. O último recuou e, num ato desesperado, pegou uma luminária e jogou em cima da cama, incendiando-a. O fogo se espalhou com velocidade.

— Minha visão estava certa sobre você, Renard, eu voltarei por você depois. Claro, isso se não morrer aqui, seu viadinho de merda. Seu sem poder! — difamando e me apelidando pelo xingamento que me aterrorizou por toda a minha vida, o homem saiu correndo e, pondo-me de pé, olhei as chamas me envolverem num suave abraço. Não sentia mais calor algum desde que meus poderes foram ativados ao encontrar aqueles dois ovos de dragão.

Estalei meu pescoço, saindo do quarto e seguindo o homem que, boquiaberto, virou-se para mim e tentou apontar sua arma, a qual segurei, dando uma cabeçada no mesmo. Sua mão tentou me empurrar, mas meu corpo pegava fogo agora, quente como um vulcão. Sorri, segurando-o pelos longos fios rosa e batendo repetidamente sua cabeça contra a parede, até ele cair sem vida. Frost surgiu no corredor, uma espingarda em mãos e abismada com o homem morto e o quarto em chamas.

— Por que os matou, por que ateou fogo no meu quarto e desde quando você tem poderes? — disparou a loira de uma só vez, fazendo-me dar de ombros.

— Shaw era pedófilo e ele merecia, quem ateou fogo ao quarto foi o vidente de cabelos rosa aqui e, bem, é uma longa história, mas sou imune ao calor e ao gelo desde que fui a uma ilha longínqua e descobri sobre meus antepassados. Mais alguma coisa? — perguntei enquanto vasculhava o terno rosa do homem, procurando por qualquer coisa útil que conectasse-o à casa que Shaw mencionara, mas só encontrei um pedaço de papel com um endereço que não era a casa do chefe dele nem ao covil dele. Guardei no bolso, só como garantia.

Frost parecia mais preocupada com os aparos que teriam de ser feitos no quarto do com a descoberta repentina acerca de meus poderes. Largando a espingarda, ela me ofereceu uma mão para que eu me pusesse de pé, a qual rejeitei.

— Não precisa, eu só queria roupas para ir até Vlitra sem ter de mostrar minhas partes para todos na cidade, sabe? — comentei sarcástico, piscando um olho e recebendo uma risada da loira, que deu meia volta. Pensei se pediria aquela espingarda, pois ela parecia ser bem útil e destrutiva, mas preferi apenas levar armas brancas comigo – não era adepto de armas de fogo, apesar de reconhecer a utilidade destas.

— Bem, não posso reclamar de vê-lo pegando fogo, é bem interessante a visão — com um sorriso malicioso, Frost entregou uma calça jeans preta e camisa cor de salmão, enquanto eu retribuía a cantada uma risada. Confesso que gostava da loira. — Volte vivo dessa missão, garoto, você vai ter que trepar muito para pagar os danos no quarto.

***

Ainda estava com a noite repetindo-se na minha cabeça. Eu havia matado Shaw. Ele era ruim, mas uma pequenina e inocente parte na minha alma clamava que ele continuava sendo uma pessoa. E eu havia ceifado sua vida como se eu fosse o próprio anjo da morte. Engoli em seco, mordiscando o lábio inferior e olhando minhas mãos, agora secas. Elas estavam banhadas em sangue e nada as limparia. Eu não era um assassino, um prostituto sim, um espião e pirata, com toda a certeza, mas matador não, jamais! Então por que eu havia feito aquilo? A resposta parecia simples – ele era um estuprador e merecia a morte –, mas mesmo assim me via numa balança.

Dirigia-me para o endereço dado por Shaw, ainda pensando no que eu iria encontrar. Pensei como seria fácil ordenar que Marte e Júpiter destruíssem tudo. Eles obliterariam a casa em segundos, mas o que seria dos pequeninos lá dentro? Precisava ajuda-los e não envolver meus dragões no meio. Passei a vida inteira dependente apenas de mim, e isso não iria mudar agora. Foi uma caminhada grande, mas logo achei a casa. Havia uma caixa metálica para correspondências enviadas pelos corvos e os guardas reais, lá o número de Shaw: 250. Haviam dois idosos, que me olharam desconfiados. Só podiam ser agentes disfarçados responsáveis pela segurança da casa.

Acenei para eles, chamando-os. O senhor, de pele escura e expressão forte e ranzinza, veio até mim com uma bengala servindo de apoio, parecendo enfurecido em sair de sua cadeira de balanço. Ele me olhou de cima a baixo, só esperou que eu falasse qualquer coisa.

— Bem, é aqui a residência de Shaw, certo? 250, Vlitra... ele me enviou. — O local era secreto, então citar o nome de seu dono provavelmente faria ele me dar atenção e me permitir entrar ali.

Ele trocou olhares com a senhora, um pouco mais bem-humorada com ele, fazendo algo que parecia ser artesanato. Crochê? Ela assentiu para o homem, o qual me dirigiu um olhar bem insatisfeito e, a contragosto, ele abriu a pequenina porta e então me deu acesso para a casa.

— Sua primeira vez aqui, Sr...? — a senhorinha sorriu, quase me fazendo gostar dela devido a sua simpatia, entretanto logo me lembrei que ela trabalhava com pedófilos e então meu ódio retornou.

— Prefiro não falar nada. — Foi a melhor desculpa que me veio à mente. Dei um passo e quase toquei a maçaneta, mas a idosa pôs um braço flácido que me impedia de passar. Suspirei, estreitando os olhos, vendo seu bordado fascinante. Sorri para ela, que estranhou.

Fui o mais rápido que pude, agarrando o comprido alfinete e enfiando na sua garganta, a qual soltou sangue verde e quente. Provavelmente teria queimaduras irreversíveis, se eu não fosse imune ao calor. Respingos atingiram o idoso nos primeiros degraus da varanda, fazendo-o gritar e cair para trás com o rosto derretendo. Em sua mão, uma arma. Perfeito. Peguei-a e então chutei a porta, arrombando-a e dando inúmeros tiros ao alto.

Bem, lá dentro tudo me deixou boquiaberto. Eram inúmeros homens, admirando criancinhas em gaiolas, vendidas com objetos, apenas. Meninas trajadas como mulheres adultas dançavam desengonçadas e meninos pequenos vestiam pouca ou quase nenhuma roupa. Engoli em seco, recebendo a atenção de todos ali.

— Saiam. — Apontei a arma para os homens e mulheres daquele clube nojento e pervertido.

Seguranças surgiram, armados, descendo das escadas e prontos para me fuzilar, mas não senti medo. Não. Eu tinha meus filhos. Havia sido um erro não usá-los. Vendo toda aquela imundície, todas aquelas pessoas, de todos os distritos, juntas e usufruindo de inocentes... tudo aquilo me deixou furioso. Como podiam não ter piedade? Como podiam sentir prazer infligindo dor e traumas? Eram apenas crianças! Fechei as mãos em punho, fechando os olhos enquanto os sons acima de mim se tornavam cada vez maiores. O teto cedeu à minha frente, enquanto dragões do tamanho de pôneis desceram, jogando fogo e gelo no pequeno grupo de pessoas e soldados, que começavam a atirar desesperadamente.

Caminhei entre meus dois filhos, as mãos para trás, enquanto estendia a mão para as crianças. Eles precisavam de um lar e havia um orfanato em Kaleo onde ninguém iria ferir mais elas. Frost me ajudaria, ela tinha um coração lá no fundo e eu sabia que ela não hesitaria em até mesmo ofertar sua casa para todas elas. As crianças estavam amontoadas nos fundos, todas abraçadas e assustadas.

— Não tenham medo, os dragões não irão machuca-las. Eu prometo. Eles estão comigo e estão comendo os caras maus agora mesmo. — Sorri, piscando o olho e então a primeira delas, uma menina de aparentemente quinze anos, segurou a minha mão.

— Só nos tire daqui, por favor.

— Chamo-me Alistair Renard. Eu irei ajuda-los, não se preocupem. Venham, Marte e Júpiter não vão feri-los.

***

Deixei meus dragões escondidos em Vlitra, longe das chamas que consumiam o clube profano de Shaw e seus vassalos, enquanto levava a trupe de aproximadamente sete crianças para El Diablo. Frost saberia onde deixa-los, ela tinha contatos e conexões por todas as partes. Levei-as até o distrito, onde fui recepcionado pela loira com um largo sorriso.

— Conseguiu? — perguntou ela, os olhos quase brilhando.

— Sim, mas as crianças precisam de um lugar para ficar. Eu moro num quarto apenas, não tenho como abriga-las. — Comentei, minhas mãos segurando as de duas crianças. Todas pareciam se esconder atrás de mim, parecendo assustadas com as pessoas na rua à sua volta.

— Tudo bem, leve-as para a minha casa, fica na rua York Driver, 742.

Espera. Franzi o cenho, baixando o olhar e lembrando-me do vidente de fios rosas. Ele tinha um papel no bolso com o endereço da vice daquela organização que Shaw iniciara. Peguei o papel do bolso, dando alguns passos para a frente e encarando o endereço ali, e então fitei Frost, ainda confusa com o que era aquela prova ali na minha mão. Estendi o papel para ela, que o pegou e então deu de ombros, rindo nervosa.

— Por que tinha anotado o meu endereço, nunca lhe dei! — ela quis soar acusativa, mas seu medo prevaleceu. Tudo fazia sentido agora. Ela queria o poder somente para si, os negócios de Shaw eram lucrativos e seu poder era superior ao dela, então por que não retirá-lo da jogada? Ela sabia que eu era capaz de matar, dando o empurrão certo eu podia sim tirar uma vida. Frost sabia disso e me manipulou.

— Você se acha esperta, não é? Mas adivinha só? Eu sou mais. Não vou deixar que se beneficie da minha simpatia por essas crianças para fazer o seu trabalho sujo, Frost. — Enquanto falava, concentrava-me em meus filhos. Pensei no que aquilo poderia acarretar, mas eu não conseguia me importar naquele momento com isso. Pessoas veriam dois dragões do tamanho de pôneis, mas e daí?

Podia senti-los se aproximar, e então os olhos de Frost se arregalaram ao vê-los. Pousando logo atrás de mim, o mero hálito deles espantava pessoas devido ao frio e calor intensos, enquanto ela permanecia atônita, parada como uma estátua.

— Por favor, não, eu só fiz isso pelo bem do meu negócio.

— Bem, e eu estou fazendo isso pelo bem dessas crianças e toda a população — comentei enquanto Júpiter avançava, seu hálito esfumaçando, parecendo nuvens de gelo. Seus olhos azuis encontraram os meus e, passando a mão em suas escamas cinzentas, ordenei com um assentir de cabeça.

Em segundos, Frost era uma pilha de pedaços de gelo despedaçados. Virando-me para as crianças, tentei não deixa-las assustadas, afinal eu havia matado pessoas na frente delas e isso poderia ser traumático. E eu ainda precisava leva-las ao orfanato.

— Estão com medo? — perguntei um pouco ansioso, e então elas negaram com a cabeça.

— A gente pode montar neles? Eu pedi primeiro.

Gargalhei, assentindo. É, eles podiam sim brincar. Eles mereciam.





3708 palavras


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14/04/2019

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Mensagem por Deva Ter Jun 25, 2019 9:33 am

AVALIAÇÃO
Primeiramente vou me desculpar pela demora da avaliação. Fatores além do meu controle acarretaram a demora, mas, de qualquer modo, não é desculpa. Vou tentar ser o mais breve possível, então.

Gostei da reviravolta ao final, com a Frost se provando a verdadeira vilã da DIY, apesar de tudo o mais ter sido um pouco previsível. No mais, me atentaria para certas descrições que se contradizem, como: "Caminhei entre meus dois filhos, as mãos para trás, enquanto estendia a mão para as crianças." Não dá para compreender ao certo a posição das mãos, no fim.

Também senti que você "corta" muito as cenas usando os *** como divisor, em vez de desenvolver e ligar um acontecimento ao outro. Seria bom evitar ficar passando os lugares dessa forma, e sim narrar como a mudança de cenário se deu. Uma vez ou outra é compreensível, mas em demasia é um problema.

Enfim, levando tudo em consideração, vou lhe dar 1900xp.
Deva
12

25/03/2019

Deva

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